Artigo nº 99 - 18/11/2022

Feliz aniversário

Não, não... não perguntarei quantos aninhos faz. Passamos disto, agora o tempo não mais importa. Chega de cronotortura. Foi mais um ano, mas quantos? Ora, não nos interessamos mais. O tempo é o tempo. Estamos acima disso, nós os cronosuperlativos.

Somos os inabomináveis Überzeitmenschen.

Yeahhh!

Faça uma bela ocasião, esqueça por uns instantes as assombrações. Saberão resolver-se e solver-se estes fantasmas; todos conseguem.

Tome uma, on my account! Coma bem, camarões frescos empanados em Tempura, arte secular japonesa (que aprenderam dos jesuítas portugueses, quem diria... Tempura, corruptela de temperatura, a temperatura forte necessária para os empanados dos padrecos). Sushis, sashimis... saquê gelado... missoshiro... gohan fresquinho. Giozas cozidos ou grelhados... sushi de salmão agridoce...

Depois um bom filme, no vídeo (cinemas fedem e sempre tem um chato comendo algo ao seu lado, nojentas pipocas, fazendo barulhos guturais, hiiii...).

De pés para cima, em casa, sempre melhor. Filme antigo, daqueles comovem, fazem pensar. Onde os atores não falam ao celular nem há ameaças pela Internet... Sugestão?

Hm... Que tal A festa de Babette, do livro da Karen Blixen? Já que falamos tanto em comidas...

Ou, quem sabe... talvez... hm: Cidadão Kane com o ótimo Orson Welles? Não o melhor, mas um grande filme.

Ou, voltando à comida, o engraçadíssimo A Comilança... (La grand bouffe) com Marcelo Mastroianni e Michel Piccoli (a cena da bimbolhadinha em cima da massa de pizza aberta ou a ´morte´ do Piccoli em uma mega-emanação são impagáveis).

Melhor assistir antes, depois ir comemorar nas plagas de Pseudo-Cipango!

Hai!

Ou afunde num bom livro; posso recomendar sempre a releitura do Bizarro Cotidiano Sensual, minha autoria, 1995, Littera Editores, com esta comum exagerada modéstia... Mas, se cansada de escatologias, que tal os contos recém-lançados da Flannery O´Connor, Cosacnaify 2008?

Magistral livro!

Enfim, cher, tenha aquele dia que deseja, faça-o o melhor de todos.

Gostamos de nossos aniversários. Somos assim.

Leve, meia dúzia é a medida. E alguns suhis. Faz bem à alma. Tempura !

A Festa de Babette, um filme excepcional (e delicioso!). Atente para o preparo das codornas e da hoje proibida sopa de tartarugas...

A Comilança, menos elaborado que Babette, mas de um humor impecável. O Pudim de Peitos ao final é divino.

Cidadão Kane, para ver e rever. Formidável atuação de Welles e a interessante visão da vida dos imperadores da imprensa.