Artigo nº 71 - 18/11/2022

Sumir...

Vejo aqui a notícia que o grande Steve Fosset, o primeiro homem a circunavegar sozinho o planeta em um balão de ar quente, ainda não ressurgiu, declarado morto, sem haver o corpo a apresentar. Com o emprego de correntes de grande velocidade, ventos de até 200 km/h, no hemisfério sul, obteve este formidável recorde (de utilidade discutível, como todos os recordes, mas faz parte do esquema.)

E outras aventuras, com 115 apogeus entre eles atravessar o Canal da Mancha a nado.

Com seus 63 anos um exemplo de robustez e "endurance" (resistência), este termo tão amado pelos gringos. Basta ouvir Frank Sinatra em "My way", o texto define esta alma pretensamente desbravadora e meio briguenta da turma de lá. Aqui o heroísmo discutível acabou com o fim das bandeiras; somos mais caseiros, ainda bem. Até o nosso herói cosmético Amyr Klink anda meio desanimado, me parece virou guia de turistas em navios noruegueses para a Antártida.

O fluxo-de-caixa às vezes assim requer...

Porém o que intriga, é se de fato o pobre homem (pobre pela eventual perda do noticiário de aventuras, seu provável vício) sucumbiu às intempéries do ambiente ou em acidente; ou resolveu sumir. Simplesmente cansou do estrelato, queria algum sossego.

Homem rico, pode-se dar ao luxo. Muito rico na verdade, sua carreira e o sumiço, se não confirmada a tragédia, lembram a história, o que me parece imitava um tantinho o tal Steve, de outro milionário texano: Howard Hughes. Este, acometido de fobias sociais incontroláveis, em certo ponto da vida procurou a total reclusão, seu único contato era por bilhetes a um gerente fiel.

Mas quem não quer sumir temporariamente de vez em quando? Até os não ricos...

Eu mesmo estou sumindo agora... mas só pelo feriado.

Somos assim.

Steve Fosset, primeiro a circunavegar o globo sozinho em balão. Sumiu, de vez...

Há momentos em que uma sumidinha é necessária, mas nem sempre possível. Ficam as imagens, como "sumir" em Parati, 2007.