Hermó

Espaço de reflexão Hermógenes de Castro & Mello

Deutsch Version hermo@hermo.com.br

Artigo nº 129 - 18/11/2022

Notícias assustadoras

Me comunicam o marinheiro a cuidar do meu barquinho, mantido lá por Parati, sujeito diziam bom e afável, de nome Marcelo, ter sido assassinado aos 34 anos. Quatro tiros à queima-roupa, de motoqueiros, saindo de uma festa. Diz a mãe, diz o sobrinho, diz a sogra ter sido resultado de uma briga.

Pimba, pimba, pimba e pimba; e fim dos serviços.

Pensei: limpava muito bem, até voluntariamente passei-lhe aumento recentemente. O barquinho reluzia. O que pedia, a preparar o barco e agradáveis passeios, ele fazia. Recomendação do ex-dono; veio junto com a nau, no dia em que decidi a vida não ser apenas trabalho, trabalho e mais trabalho.

Mas quem me trouxe a notícia, curiosamente resolveu investigar melhor o que ocorreu e me passa a notícia, na verdade, quem de fato fazia o serviço, era o sobrinho do sujeito. O dito “marinheiro” morto era um agente, o “gato”.

E portanto, assim a central de notícias oficiosas, seu negócio principal ser um pequeno açougue; e “invadida” a área de um concorrente, recentemente, esse outro açougueiro resolveu a parada na bala; contratada.

Eu desconfiava de algo errado, pois nas últimas vezes o tal marinheiro já andava relapso, esquecendo aparentemente de pedir ao sobrinho executor o que daqui solicitávamos.

Pensei ser cachaça a fazer esquecer, pelo aspecto inchado do sujeito, nesta única vez que com ele conversei pessoalmente.

A boataria, porém, informou seria mais sério: o sujeito consumiria algo bem ilícito, também comprava e distribuía, tendo esquecido ou recusado liquidar alguns débitos e, por isto, ser liquidado. A lei consuetudinária implacável entre bandidos?

Não pagou: au revoir.

Só espero que não tenha usado meu barquinho como depósito dos troços embagulhantes...

Porém, como tudo é fofoca, pode ter sido briga mesmo. Mata-se por muito pouco; é crime perfeito, apesar dos corretinhos de plantão dizerem isto não existir. Na grande Recife 0,2% dos homicídios são esclarecidos, apenas por denúncia. Os demais nem são investigados. Ou seja: dos 50 mortos por fim-de-semana, 2.600 por ano aproximadamente, 5 casos são esclarecidos.

Dizem que é tão raro alguém ser pego, que há turismo; gringos a darem seus tirinhos certeiros, por somas peludas... Maluquice? Talvez.

De qualquer forma: caçar motoristas depois do chopinho, desarmados, cobrando a multa de 955 paus ( metade para esquecer o assunto...) ou tutelar turistas é mais o espírito da coisa. E não culpo, quem arriscaria procurar bandidos bem armados por 1.400 reais ao mes? Nem a polícia federal com seus muito melhores salários faz. Vão atrás dos elegantes, mas desarmados.

Em Parati não deve ser muito diferente.

São assim.




E quando esclarecidos, pouco ocorre. Leio o caso da Maria de Fátima, do Ceará, que 19 anos após tomar dois tiros do marido a deixar paraplégica, recebe indenização de 60.000 reais, pela nova lei assim chamada "Maria de Fátima". Menos mal. O sujeito foi preso, condenado a 13 anos de prisão, solto após dois anos, 1/6 da pena... Azarou a vida da ex-esposa para sempre e pagou com dois aninhos; se não é perfeito é o crime quase perfeito...

Crime perfeito, por aqui pode-se matar impunemente.

A pacata Parati, princesinha das drogas, com seus muitos visitantes à procura de química ilícita pelo visto é ponto disputado pelos traficantes. Com seus estranhos métodos...

Comentários

(envie um comentário)

Hermógenes - 08/07/2008 (15:07)

Uma das cenas mais significativas em cinema, na minha modesta opinião, foi em filme sobre o mafioso judeu Mayer Lansky, num de seus passeios a Tel Aviv, observar um esbarrar desavisado entre soldados israelenses e colonos judeus, também autorizados, pela ameaça palestina, a portar sub-metralhadoras. Os soldados se desculpam e os colonos também, com muitas mesuras. E o f.d.p. Mayer Lansky diz: -"Onde todos portam armas, todos são educados". Se todos andássemos armados, bem treinados, quem nos assaltasse pensaria duas vezes. Uma sugestão curiosa após o 11.09 era que todos nos EUA pudessem voar armados. Ou seja: o sequestrador poderia tentar sequestrar, mas conviveria com o risco de outros no avião reagirem, bem armados... Complicado.

JORGE DOS SANTOS - 08/07/2008 (14:07)

Enquanto isso, nos Estados Unidos, a Suprema Corte decidiu favoravelmente à segunda Emenda Constitucional, que garante a todos os cidadãos americanos o direito a “ter e portar armas de defesa”. A partir dessa decisão, todos os estados deverão ajustar suas leis garantindo esse direito, uma vez que, até o momento, o Supremo Tribunal Federal norte-americano não havia se pronunciado a esse propósito e as leis estaduais eram divergentes. Já pensaram isso no Brasil? Mas, quem sabe, o medo do próximo, armado, talvez até minimizasse a nossa violência.