Hermó

Espaço de reflexão Hermógenes de Castro & Mello

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Artigo nº 128 - 18/11/2022

Não acredito em santos...

Posso dizer sou homem pouco afeito às questões religiosas. Abomino o cerimonial, as palavras vazias e o lamentável uso da fé como instrumento nefasto de poder ou politicagem; ou mais baixo, por arrecadação em benefício próprio: assim fazem os espertalhões Edir Macedo, R.R. Soares, Billy Graham ou até o, perdões, soturno Bento XVI e suas curiosas roupas.

Em uma primeira ida a Salvador na velha Bahia, impressionei-me com o luxo em certos conventos e igrejas, com madeiras folheadas a ouro, móveis de escuros jacarandás e azulejos de além-mar. O fascínio destas instituições pela rica ostentação e bem-estar é determinante; e assustador.

Entretanto diria em algum canto, por mais agnósticos sejamos alguns poucos, lá no fundinho, ainda há um disparador de fé. Sim, algo nos faz acreditar, em situações desesperadoras, ainda possa haver solução. (Ninguém é ateu em avião caindo... dizem.)

Bom amigo, penso também bom católico, outro dia me impressionou com sua descrição de recepção a uma entidade, a qual dá nome errado de médico judeu-alemão. Espírito recebido; partindo do diria ser manifestação histérica, a imaginar o que esta criatura mágica e inventada por ele, ou outros, pode fazer. E o abençoar, no seu desespero pelas vicissitudes da vida e alguma dificuldadezinha de gerir ou gerar bastantes recursos materiais de necessário sustento. Acredita o bom sujeito, em sua fé composta de catolicismo tradicional e o imaginado, lhe traz melhores resultados que talvez Prozac ou outros troços mundanos.

A assustar, portanto, a arte de quem com os métodos de indução e certa apresentação de fenomenologia boba, convence as massas a seguir (e pagar), até os dias de hoje; estes podres "despachantes celestes", a contar os cobres depois. Muitos cobres.

E diante de toda esta minha anti-religiosidade, a abominar bobagens iradas de quem domina os preceitos da fé, olho para a minha carteira, sobre a mesa. E dentro dela uns papeizinhos, truques baratos de gráficas, com Oração a Santo Expedito (oferecido o milheiro por R$ 38 pela Editora Santo Expedito), Oração a Frei Antônio de Sant´Ana Galvão pedindo a glorificação do Servo de Deus (Gráfica Santana, sugerindo imprimir milheiro para o crente no assunto distribuir), papelzinho Conversa com Jesus Cristo, gráfica do Movimento Popular da Fé (37 paus o milheiro) e, por fim: a meninada de Fátima, com a Virgem pairando sobre uma nuvenzinha, por edições PRC.

Todos guardados por mim, há 10 – 12 anos. Rotos. E não me perguntem qual a razão, não saberia explicar.

Em casa, por sobre a escada, um micro-oratório comprado em Minas, com São Judas Tadeu por dentro, de quem já afanaram a lança e o qual, de vez em quando, leva umas três batidinhas minhas, para dar sorte e confusamente acho se ele não cair da casinha (está solto) tudo estará certo...

Mas não acredito em santos...


Sou batizado evangélico luterano, mas pedi ao pastor não me aborrecer mais, quando falecido meu pai, veio pedir ajudas, dizendo ser meu "débito". Deixei de ser seguidor de Martinho Lutero, que dera cabo dos santos e imagens e casou com uma freira; e eu de pais agnósticos... confusão desgraçada. Tenho porém fé, fé que dois quilos de músculo sem nervos dão uma boa sopa...

Frei Antonio de Sant´Ana Galvão. Como sou de Santana e a gráfica é na Rua Olavo Egídio, naquele bairro, pronto!

2 Santo Expedito, o mais divulgado. Também guardo o meu...

Comentários

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Luiz Alvaro - 10/07/2008 (08:07)

DIÓS ME LIBRE !

Hermógenes - 08/07/2008 (07:07)

No creo en los santos, pero que los hay, si, hay...

Francisco Taborda - 07/07/2008 (21:07)

O amigo, em seu belo texto, parecer garantir uma no cravo e outra na ferradura. [ ]s FT