Hermó

Espaço de reflexão Hermógenes de Castro & Mello

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Artigo nº 118 - 18/11/2022

D. queria velejar no Mamanguá

E lá fomos. Aprumar o barco, ajustar as tralhas para sair ao mar. O marinheiro, coitado, vítima de algum mal decorrente da excessiva parati (Vestiu uma camisa listada e saiu por aí, em vez de tomar chá com torradas, ele bebeu parati...), nada havia feito. Tiram-se toldos, enche-se o tanque d´água, verificam-se detalhes. Arrisca-se a saída sem o bote auxiliar. Pronto, partida no motor, saída lenta para a Ilha da Cotia.

Hora e meia depois, tempo bom, como sempre sem ventos, chegamos. Uma novidade: a região imunda, o mar escuro, quase sem barcos ancorados, espumas fétidas pela superfície. Algo aconteceu, sabe-se lá que pequeno desastre ecológico a maltratar a região. A coisa vai mal.

Pergunta D. como se veleja: sem vento, meu doce, é complicado. Quem sabe lá no Mamanguá, penso eu?

Seguimos para lá, é próximo. Uma baía, quase fiorde, afunila o ar para uma suave brisa.

Fecham-se gaiútas, preparam-se catracas, solta-se o cabo enrolador da genoa, deita-se ao vento e com 9 nós de lufadas lânguidas partimos, o barco pesado vai a 1,5 nós.

Confusão nas manobras, minha querida companheira insegura no leme gira em excesso, perde-se a brisa. Mais três bordos e apelo para o piloto automático, esta dádiva da tecnologia.

Saímos do fiorde e vejam só: mais uma vez fim do vento.

Motoramos, recolhendo velas. Seguimos à Ilha do Algodão, Ponta da Cajaíba, Ilha Deserta, à dos Meros, dos Mantimentos e após 5 horas aportamos.

Passeio completo, alegria.

Para a querida, o melhor. Ao invés do desasossego relativo do barco, a Pousada Porto Imperial; um brinco. Algum modesto actus shopping, pois haviamos esquecido certas roupas, e depois romântico jantar no fabuloso, extraordinário, inigualável Banana-da-Terra, seguramente o melhor restaurante da simpática cidade de Parati. Meu predileto por lá, o Restaurante da Matriz, surpresa, não existe mais; ou em reformas, quiçá talvez sucumbido à profusão de estabelecimentos; deve ser a cidade com o maior número de restaurantes por quarteirão.

Filé de namorado em crosta de alho sobre leito de banana-da-terra com risoto de pupunha, após entradinha de anéis de lula ao gengibre, chôio e sal grosso. O gelado branco argentino a esquentar a alma. Fechando com sonhos de aipim e queijo cremoso, mornos, com sorvete de goiaba. Divino!

Treino para talvez irmos à próxima FLIP, o festival de literatura da cidade fluminense, quem sabe ouvir e encontrar os magos da escrita, daqui e de fora?

A velejada foi modesta, porém nosso sempre fiel e dócil Charada nos ensina sempre mais que sabemos e mostra-se grande veleiro. Vida mansa longe do fuzuê paulistano, merecido descanso à incansável D.. Escapadinha envergonhada, entretanto temos direitos...

Somos assim, nós aprendizes da vida e da vela.

Para quem gosta das artes, nada melhor que ser retratada a lá Andy Warhol , até no comando de um veleiro seguindo à Ilha da Cotia, Rio de Janeiro.

Saindo da bela Parati, em direção à Ilha dos Mantimentos, a pequena ilhota guardiã daquela baía.

Decepção na Ilha da Cotia, águas imundas, espumas suspeitas na superfície. Nenhum pescador, poucos barcos de lazer ancorados. Algo aconteceu por lá...

Velejando no Saco do Mamanguá, mas o sempre presente vento decepcionou. No máximo conseguiu-se 1,5 a 1,9 nós...

Retornando a Parati, no fim do dia, tempo esfriando.

No céu curiosas nuvens lenticularis, (ou seriam altostratus?) precedendo algum vento leste que antecedeu à frente fria e chuvosa que seguiu. Um espetáculo intenso. A bandeira faz lembrar como é belo este tão maltratado país.

Comentários

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António Gomes André - 27/06/2008 (17:06)

Ah, esqueci-me do Banana-da Terra. Não esquecer também.

António Gomes André - 27/06/2008 (17:06)

Então é bom não esquecer porque assim o farei. O que é prometido é devido.

Hermó - 23/06/2008 (07:06)

Sem dúvida, todos convidados. O passeio pela nossa costa encanta a todos.

António Gomes André - 22/06/2008 (11:06)

Thomas, não se esqueça! Eu partilha o mesmo desejo do Jairo Gerbase .

Angélia - 21/06/2008 (20:06)

Adorei todas as viagens:a literária, a gastronômica, marítima e a fotográfica, Dene em versão Pop. Ave poeta!

Jairo Gerbase - 21/06/2008 (15:06)

me inclua no próximo para parati

Thomas Bussius - 16/06/2008 (11:06)

Vale a pena conhecer o Banana-da-Terra, belo restaurante paratiano, veja mais em BANANA-DA-TERRA . Quanto ao Charada, quando quiser, sempre à disposição.

Liliana Camali - 16/06/2008 (09:06)

Adorei o artigo, velejei um pouquinho com vcs no Charada. Que maravilha! E ainda fiquei com agua na boca do delicioso jantar. bjs à vcs Liliana