Hermó

Espaço de reflexão Hermógenes de Castro & Mello

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Artigo nº 114 - 18/11/2022

A última caminhada de Waller

Um filme que nos faz pensar, bem estruturado, e tantinho lento, mas não monótono. Para quem viveu por algum tempo na fria Alemanha, conjunto de lembranças entre o diria pesado e gelado, mas também banhado de certa leveza, popularesco diria, familiar.

Enfim, a mim cativou e concluiria: é muito bom; bom de assistir.

Em DVD, penso encontrável nos Institutos Goethe.

Fala de solidão, de rejeição, morte, alegria, filhos, caminhadas, vida e ar livre.

De retrato da guerra, alegria do fim dessa, desconfianças e perseguições.

E de uma profissão inusitada, o Schienengänger, inspetor de linha, a caminhar os trilhos e verificar desvios, lubrificação, iluminação, traquinices de crianças e lembrar...

Lembranças de um velho e seu curioso passado, sempre como inspetor de linha.

A qual, como ele caminhando em direção à densa neblina, parece desativada. Aposentam-se homem e linha.

O trem perdendo sua vez, até na tradicional Europa dos comboios para todo canto.

Feito em 1989, com modesto orçamento de 1,3 milhões de marcos, o diretor Christian Wagner cria uma suave, porém determinada seqüência de atual-passado em bom contra-ponto, alternando até as cores, com o clichezão branco e preto para o passado. Baseado no livro de Gerhard Köpf, Die Strecke, A Linha, filme que passou desapercebido, mas emociona.

Em tempo: metidos a entender alemão, liguem a legenda, pois o dialeto bávaro falado na película é coisa para ouvidos treinados; bávaros de preferência.

Um belo filme. Alemães tem um problema similar a nós brasileiros: certa resistência ao tal "cinema nacional". Mas este é exceção, pode ser visto.

A cena da caminhada à névoa é de fazer nós mancebos da meia-idade pensar um tanto no que ainda virá.

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