Hermó

Espaço de reflexão Hermógenes de Castro & Mello

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Artigo nº 102 - 18/11/2022

Os economistas sempre sabem, depois.

Descobri, observando com olhos de imbecil incauto, que a recente crise, ainda em curso nos mercados internacionais, tem uma origem perfeitamente explicável. Sabem qual é ? Simples: ninguém sabe...

A origem comum e explicação padronizada, vem depois da crise. Aí todos sabem.

Há pelos menos vinte e cinco definições das causas. Os efeitos todos conhecem, a costumeira pancada no bolso do pequeno investidor.

Desde a compra exacerbada de leite pelos chineses, queda de gastos militares no Iraque e excesso de iliquidez dos fundos lastreados em hipotecas de trabalhadores americanos, a razão é a mesma : ninguém sabe ao certo.

Imagino que após os futebolistas, quem mais chuta são os economistas. Todos entendem, informam que avisaram, falam difícil e por aí vai. Mas a grana, bem, foi-se.

Além de ter um terrível componente psicológico: a corrida aos ativos, corrida aos fechamentos, troca de posições, ajustes de câmbio, cancelamentos de x e y. Os grandes bancos centrais dos países, túrgidos de dinheiro, liberaram em poucos dias, meses atrás, "mixaria" de 360.000.000.000 de dólares, metade do PIB anual brasileiro, para manter o sistema em ordem.

Dinheiro de impostos ou dos depositantes dos bancos comuns, os tais depósitos compulsórios. É sempre fácil lidar com o dinheiro dos outros... Os governos só arrotam que é tudo "muito normal", nada vai acontecer, todos estão "blindados".

Será?

Mas, lá no fundo, o velho desconfiômetro (por favor, procurem aferir o instrumento, alguns andam descalibrados; estes próximos dias e meses vão ser necessários...) indica que governos não sabem de nada, as distâncias e as quantidades de informações e informantes são muito grandes para alguém deduzir de fato o que ocorre. E por aqui nosso líder maior, e mais ético de todos os tempos, não é grande coisa na percepção ou fechamento de contas. Na verdade nem se interessa pelo assunto, gosta mesmo é da política.

Porém, eu, incauto, sem qualquer noção de economia macro ou microvalente, avesso às previsões excetuadas as do tempo, desconfio que pode estar ocorrendo um rápido esfriamento cruel no sistema. Como sempre, sou metido a sabido...

Verguenza, cantaria a maravilhosa Mercedes Sosa.

Mas, vejam que o lucro do antes maior banco brasileiro é metade dos privados, o monopólio do petróleo, apesar de preços pornográficos teve lucro relativamente modesto, pelo tamanho da operação e reserva de mercado garantida. Certa grande empresa de eletro-eletrônicos informa que está negociando a venda de ativos para liquidar débitos (o começo do fim), tendo vários fornecedores parado de entregar material. A maior fábrica de tubos de TV, os tradicionais, fechou, dando um mega-calote (incluindo a mim, modestíssimo fornecedor), associação de duas imensas multinacionais.

Diziam impossível competir com os chineses, mesmo vendendo-se mais tubos por aqui do que as caríssimas TVs de tela fina. Os aviões lá fora já voam menos, acreditem; as estradas nos EUA e Europa já andam mais vazias, os centros de compra tem mais observadores que compradores, o Dia da Mamãe foi mais dela, a mamãe, do que tradicionalmente dos comerciantes gringos e a única coisa garantida, mesmo, é a recente contratação de 260.000 temporários como funcionários públicos plenos, isto sim um grande avanço. Com uma medida provisória a endossar, com gordo aumento para esta turma.

Aliado ao aumento real de 56 % no dispêncido na folha destes sempre diligentes trabalhadores, os públicos, no governo atual.

Como disse alguém hoje: Pegamos o fim de um baile sem comprar ingresso mas já havia acabado a bebida e a comida...estamos apenas dançando.

Mas os economistas saberão explicar. Depois das espoletas ou bombas detonarem, é claro. Depois do furacão na Birmânia. Depois do terremoto na China.

São assim.

Adam Smith, o escocês bom de lógica e filosofia, criador das bases da moderna teoria econômica. Mas nada previa, apenas analisava. Hoje alguns se prestam a sugerir o que pode ocorrer, pouco smithiano, penso eu.

Comentários

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Hermó - 22/05/2008 (09:05)

O caminho? Se a pergunta foi retórica, dir-se-ia não haver caminnho, mas apenas indicações de rumo, que alguns entendem, outros nem tanto. Ao comum, e às vezes ao incomum, pouco a compreender. Se o barril de petróleo vai a 130 dólares é pela escassez? Pela especulação? Pelo enfraquecimento do dólar? Quem sabe? O economista?

- 21/05/2008 (20:05)

Qual o caminho para aprender economia?

- 21/05/2008 (11:05)

FRADINHO; PRAZERZÃO NO SEU RETORNO A TELINHA. CONFESSO QUE ESTAVA SENTINDO FALTA DO SEU BRILHO E DA SUA INTELIGENCIA.

LUDWIG VON ALBARUS

Hermó - 21/05/2008 (09:05)

Perguntaram se pode ser reproduzido e reenviado. Sim, pode. O copirraite é livre, basta citar a fonte.

Hermó - 20/05/2008 (14:05)

Adam Smith define os pré-requisitos para o liberalismo conômico e a prosperidade das nações, como o combate aos monopólios, públicos ou privados; a não-intervenção do Estado na economia e sua limitação às funções públicas de manutenção da ordem, da propriedade privada e da justiça; a liberdade na negociação do contrato de trabalho entre patrões e empregados; e o livre comércio entre os povos. Se governos seguissem parte do que diz, o mundo seria um pouquinho melhor.