Não somos idiotas.
Por Thomas Bussius, de São Paulo
O problema, para o brasileiro comum, entre os quais me incluo, é o constrangimento que esse tipo de caráter bizarro de tio-do-churrasco causa.
O esperto das respostas pá-pum, aquele do não-leva-desaforo-para-casa, da mulher-comigo-é-na-moral, tenho-amigo-preto-sim-bom-motorista, etc.
Não se esperava isso de um chefe de estado da talvez ainda nona ou décima economia do planeta, 204 milhões de criaturas. As pessoas começam a parar com os elogios infundados à figura.
O governo não é palco de boteco, de barbearia, a elogiar os filhos incompetentes arrastados pelas eleições do pai.
Aqueles denominados brasileiros do bem, a maioria, começam a se envergonhar dessas criaturas.
Todos sabem o que foi feito aqui na ditadura. Nós vivemos isso.
O chefe de estado enaltecer o fim da ordem democrática, o torcer das leis, a tortura e desaparecimentos, constrangendo as instituições, não passa incólume.
Quem o apoia, esse bando modesto de magistrais perdedores, a culpar seus infortúnios por um ex-presidente de 10 anos atrás, certamente em algum momento perceberá que não, não melhorou.
A criminalidade continua firme, forte e a corrupção é a mesma.
Um falecido escritor baiano, além de político, dizia que os atores na peça brasileira só trocam de camisa, mas são sempre os mesmos.
Ou acha-se que Doria é governador por um chamado de moralidade, a completar a obra de seu pai, político?
E Bolsanaro et filii de fato têm um projeto para o país, a governar para todos, com bondade, justiça e compreensão?
Não somos idiotas, não somos assim, com perdões a Nelson Rodrigues.