Minha primeira viagem marítima.
Não é sobre aventura minha, mas livro editado pela Universidade Federal da Bahia, excelente tradução de Jan Maurício van Holthe, com esse título.
Escrito por um oficial da Real Marinha Holandesa, Q.M.R. ver Huell. Absolutamente fascinante, narrando seu aprisionamento pelos inglêses no porto de Salvador, em passagem por lá para reparos.
No exato dia em que aportam a família real portuguêsa com D. João VI, sua esposa, a mãe maluca e um bocado de portugas fugindo do general Junot, que Napoleão enviara a ocupar Portugal.
Os holandêses são aliados dos francêses e os portuguêses, apesar de neutros, sabendo do confisco de seus navios na Holanda, apreendem o de Vlieg (trad. A Mosca), um brigue de guerra.
Mas partindo a família real e os inglêses para o Rio de Janeiro, recebem um tratamento altamente hospitaleiro, verbas para despesas diárias e fazem grandes amizades.
Após 3 anos conseguem retornar via Londres à Holanda e assim surge o livro.
Porém muito do comportamento dos "portuguêses", como denomina os baianos, o trato relativamente suave com os escravos e as nuâncias brasileiras da convivência ver Huell capta como poucos, mesmo no distante ano 1808.
- Hoje pela manhã tive um encontro inusitado. Passeava tranquilamente pela Rua Nova, quando então envolto numa manta, um português correu atrás de mim, agarrou-me rudemente pelos ombros e disse: - "Eu te peguei, holandês!". Assim que virei, ele recuou e disse: - "Perdão eu pensava ter à frente de mim o oficial holandês que aproveitado-se de morar em frente à minha casa, tem espiado a minha senhora muitas e muitas vezes."
O machismo já fazia parte, naqueles tempos... éramos assim e ainda somos.