A galinha do vizinho, o ovo mais amarelinho...
Ontem em movimentação por essa gloriosa Paulicéia Desvairada, acompanhei discurso de uma senhora, alguns bancos adiante, sobre outro casal, seus conhecidos provavelmente.
Com entusiasmo ensurdecedor, descrevia o que a mim pareceu a união perfeita entre dois seres mais que perfeitos.
Desde a calma a se prepararem para um romântico jantar a dois, em total enlace suave, à escolha dos sempre caros vinhos. Aparentemente pessoas abonadas, podendo se dar aos luxos.
O discurso seguia, de como era cavalheiro o sujeito e dama a senhora. Sempre em harmonia. Aposentados ambos, a usufruir em desapego (a palavra do momento) o que o duro trabalho do passado lhes proporcionou.
E as viagens, ah as viagens. Europa, Califórnia, Bahia, Ilhabela e o cacête... só lugares agradabilíssimos em hotéis muito gostosos, com refeições fantásticas. Muito amor e muita paz.
Em uma dessas viagens, aparentemente, a senhora que divulgava o que reputo o casal ideal, acompanhou em algum trecho.
De onde estimo observou aquilo que, assim concluo, não deve ser o caso dela.
Penso casada com um pentelho de marca maior, ruim de viagens, bebedor de vinhos baratos e apreciador de botecos menos exigentes no comportamento, a preços módicos.... Talvez desses que não anda com roupas finas nem escolhidas, arrota para gáudio dos netos e não tem muito em comum com escolhas delicadas, mesuras comedidas e boa conversa, como do tal casal.
Mas entendo o desejo, sou um desses pentelhos... sou assim.