Um bêbado...
Agosto desse ano que corre. Saindo de seção século XXI com senhora especializada em aparelhos auditivos (si, si, el tiempo pasa...), onde apresentou aparelho com blutufi e "parametrizável" pelo celular, subo a Teodoro Sampaio em nossa abandonada Sumpa, a caminhar até o lar.
Motorista fanático, raramente caminho pela cidade.
Passo por ponto de ônibus em frente a bar, desses penduram as frutas em pequenas redes por cima dos balcões, oferecem lanches de todo tipo (americano duplo com pão de forma e maionese, R$ 12) e enfiada num canto mocinha de seus 15 anos em certa carteira escolar, a verificar: era a "apontadora" do bicho. Pensei extinto o hábito. Agora apontam jogos de futebol...
E caído em frente à calçada, a rigor não caído mas encostado na coluna do bar, as pernas esticadas para dentro do ponto de ônibus: um bêbado.
Desses contumazes, perdidos, sem cura. Que admiro, por alguns serem tão longévolos.
E esse a cada ônibus parava e alguém subia, a esticar os braços para pegar a barra junto à porta, levantando-os levemente, gritava: quem levantar o braço é corno!
Ganhei o dia!
As criaturas subiam ao ônibus com seus braços esticados, todos cornudos. E mesmo não sejam, nada podiam fazer, os ônibus partiram...
Adiante (meu filho diz eu sou homem de aspecto inofensivo e não-executivo, me abordam com tranquilidade), uma senhora já na Av. Dr. Arnaldo me pergunta onde é a administração do cemitério do Araçá...
Retruquei a ela " será que eu deveria saber isso? É meio assustador! ".
Madura como eu, mas do tipo jovial, já foi contando a história seu pai estar enterrado lá desde 1954, e ela precisaria de nova certidão de óbito. Sugeri advogado.
E lembrei talvez a administração fosse ao lado do velório, comum nos "sumitérios". Agradeceu e foi caminhando.
São Paulo e seu cotidiano agitado, mas talvez menos agressivo que se imagina...
Paulistanos, somos assim.