Por que Haddad perdeu?
Ele perdeu é um fato, a contra-gosto da imprensa e dos jovens “yuppies” ou madeireiros de coque.
Que o consideram “prefeito-gato”, por reunir tudo almejam: aspecto jovial, professor da Universidade de São Paulo, tranqüilo e acima de tudo amante das “bikes” e ciclovias, a solução mundial dos modernos administradores de Londres e Berlim para os problemas de trânsitos.
Apostou pesadamente nisso, em vista das estatísticas de institutos de pesquisa até 80% dos cidadãos aprovarem a implantação dos novos caminhos de rolagem para pedalantes.
Matou-se o interessante projeto das vias exclusivas para motos, do antecessor.
E de resto a preocupação principal em sua administração, depois percebeu o cidadão, era apenas o espírito corporativo. Salários e cargos prioridade, o resto foi a eterna culpa da falta de repasses federais e financiamentos difíceis.
Porém ciclistas e funcionários públicos não ganham eleições. Pelo contrário, são tão poucos eles mas os caminhos vermelhos e benesses preparadas tantas, lentamente a população apoiadora percebeu haver algo errado. E havia.
Comércio com acessos interrompidos e proibição de embarques e desembarques de mercadorias em suas ruas, nenhuma melhora na prestação de serviços públicos municipais. A maioria se resignou, pois não há “união” ativa de comerciantes, como de ciclistas, ou ciclo-ativistas. Apenas uma exceção: praça reúne restaurantes finos, implantada a ciclovia, a atrapalhar todo movimento de clientes ricos e abastecimento, foi alterada. Mexeu-se com dinheiro maior, recuou-se.
Já os 1 milhão de motociclistas, apertados com mais acidentes entre os automóveis por estreitamento das faixas desses, repudiaram o sistema pedalatório para quase inexistentes usuários. Porém não são categoria unida. Apenas milhares de indivíduos, sem tempo para ativismo. Fala o dinheiro, não a saúde a pedalar.
E por fim os motoristas, a cada dia com mais restrições, incluindo as ciclovias vazias a tomar espaço (e por favor não digam e reclamem ser mentira, sim, elas quase não são utilizadas). O inimigo (porém eleitor) escolhido pelos modernos combatentes de seus bólidos e de apreciadores de quase inexistentes automóveis e ônibus elétricos ou híbridos, mostrou seu descontentamento no voto.
São 4,5 milhões de motoristas. A maioria não o faz a lazer, mas sim a trabalho. Por que votaria em alguém cuja meta é atrapalhar mais e mais o já complexo fluxo, oferecendo bicicletas e ladeiras, ônibus cheios e taxis inexistentes em horários de pico? Além da piora nos serviços públicos municipais? Com isso, 5,5 milhões de paulistanos se movimentam em motos e automóveis não se impressionaram muito com os 3.700 ciclistas usam diariamente as bicicletas. Outros 100.000 dizem também fazer, declaradamente.
“Mas não todos os dias, doutor. De vez em quando apenas.”
Porém 80 milhões de reais após e fechando o acesso à parada a centenas de taxistas e entregadores motorizados, colheu-se um resultado “inesperado”, como dizem os apoiadores do prefeito-gato.
“Voto bovino” determinam os filósofos a analisarem a vitória de outro. “Estupidez eleitoral, falta de esclarecimento.”
"Como se o único problema fosse a mobilidade paulistana", diriam mais alguns.
Não é. Mas seguramente é o maior...
Porém aprendeu-se algo novo: ciclistas não fazem vitórias políticas. Nem funcionários corporativistas.
Motoristas, motoqueiros e pedestres o fazem; são assim.