Salmão de parida
Anos atrás, na adorável Bahia, após o nascimento da primeira filha ouvi expressões culinárias complexas e incompreensíveis. Para mim, cara-pálida.
"Fatia-de-parida", para melhorar o apetite e a "produção" de leite.
E muitas outras como, "caldo-de-galo-gordo", "pirão-de-leite-gordo"... enfim, coisas fortes e pesadas para a jovem mãe indiretamente bem alimentar seu rebento.
A tal fatia-de-parida é universal, descobri depois. Rabanadas em Portugal assim aqui pelo sul, "pobres-cavaleiros" pela parte mais fria das Zorópia e muitas outras denominações.
Pão amanhecido embebido com leite, polvilhado com açúcar e frito, à milanesa com ovo e farinha de rosca. Depois polvilhado com mais açúcar; e canela em alguns casos.
O caldo-de-galo-gordo é exatamente o que descreve. Procura-se um desses sujeito de penas, robusto, e toca-se na panela, com temperos e água. Serve-se o caldo apenas, alguns dizem polvilham farinha de mandioca por enriba.
E aí vai.
Nesses dias fiz algo para essa mesma menina, agora mãezinha.
Todavia deixei-me inspirar com um francês, desses cozinheiros nota 1.000, e prato autoral dele.
Temerosamente chamá-lo-ei de Salmão de parida
Fatias de salmão fritas por apenas 15 segundos, e servidas com molho de creme-de-leite e alazão (vulgo azedinhas, mas como não achei, foi de espinafre), mesclado com caldo de peixe.
Acompanhando o purê (de parida...), ao invés de leite e gema de ovo, taquei-lhe apenas um creme-de-leite fresco e manteiga.
A salada foi de rúcula, a mocinha adora, com radicchio (não descobri ainda o nome em português), cebola picada, shoyo e azeite. E toque de "não-revelarei"...
Salmão de parida.
Inventamos as novidades, somos assim.