Meio-comunista
Certo colega batalhando pela empedrada trilha do fabricar equipamentos mecânicos, conta de sua experiência na lida diária com os poucos funcionários que lá se ocupam, em sua pequena empresa.
Recentemente passou por um susto quando ex-funcionária após quase dois anos decorridos de sua demissão voluntária, ingressou na justiça para pedir reparação por uma dengue contraída durante sua ocupação por lá e a consequente depressão, solicitando indenização por assédio moral.
Feito acordo na primeira audiência por menos daquilo pedia a senhora, o amigo voltou à sua rotina.
A irmã da "reclamante" ainda é sua funcionária, assim como cunhado e filhos, e faz a faxina diária em sua sala.
No que trocam algumas palavras, assim ele. Até com certa, digamos, intimidade pelas idades próximas, coisa dos seus 60 anos.
E, rindo, me conta hoje a tal senhora da limpeza ter perguntando a ele, em seu notável sotaque alagoano, se ele era, "assim, meio-comunista, tipo, assim, petista...".
Curioso perguntou porque ela considerou isso.
A resposta veio certeira: -" Você se veste assim meio que mal, às vezes vem de bermuda e anda num carro que é igual o taxi do meu cunhado".
Diante do espanto, ouviu a complementação: - "Nós somos quatro parentes da minha irmã aqui, mas você não mandou ninguém embora, depois que ela entrou na justiça."
Intrigado com a temática, disse ter perguntado: - "E eu deveria ter feito?"
Aí veio o choque: -"Qualquer patrão sem ser comunista ou petista mandava embora a corja toda..."
Conta ele ter atiçado mais um pouco a conversa: - "Mas isso é bom ou mau?"
E a faxineira aparentemente responde: - "É meio diferente. Você deve ganhar um monte de dinheiro, mas ninguém vê gastar, fora numa festa que deu para a filha aqui. Mas nem comida tinha. E quando a gente vê que está melhor a situação, em vez de aproveitar e viajar, você emprega mais gente. Parece que procura mais sarna para se coçar"
E terminou: "Fui, já falei demais".
De fato, falou demais.