Sofrência
Professora Lurdinha Sampah, de Chapecó, SC
É assim. Chato como uma segunda feira. O sofrer nunca deixa de acompanhar. Aí vem ela. Pelos mais distintos lugares, idades, percepções. Há sempre espaço para decepção, lamentação, arrependimento, crise, lamúria. Somos habitados por tristeza. Ora sim, ora não. Verões mais longos, invernos mais solitários. Variando no tempo e no espaço de nossas vidas. Mas como se diz acompanhado de um pandeiro: “tristeza não tem fim, felicidade sim.”
Nos intervalos dos cotidianos repetitivos e cheios de graça, lá está. Silenciosa, amarga, dura.
As vezes cansados, nos arremessamos na correnteza das angústias, gozando com a própria dor. Como é que se pode gozar com dor? Sim. Gozamos. É estranho. Tão estranho como a existência humana. A dúvida que persiste e intriga. A produção de desejo e falta.
Mas nada que uma vomitada, tragada, corridinha, encontrinho não faça retomar o encantamento de estar vivo e deslumbrar-se com tal condição. Vivos, porque senão mortos. Uma quedinha é sempre bem vinda, por mais cruel e incisiva que pareça ser.
Vamos lá. Uma profundaaaa inspiração lentaaaa e ponderadaaa para seguir mais um dia por isso tudo. Tudo isso mesmo. Acaso. O caso. A casa.
Ai vamos nós. Ao imponderável. Imersos no cosmo-politanismo de um céu estrelado numa noite quente.
Figurando nossa própria sorte.