Um confronto se aproxima.
Por Vinicius Costa, de São Paulo
Um confronto se aproxima. Nenhuma novidade. A história da humanidade é a história da guerra. Queremos acreditar que uma nova geração está chegando, que as crianças de hoje, bem informadas, serão a salvação de amanhã. Um futuro jamais visto, novo, onde a justiça e a paz finalmente impere. Mas não seria a ideia da salvação uma postura também de guerra, um pouco disfarçada em sua passividade, na espera que algo se resolva depois do conflito, levando em conta também o sacrifício?
Um confronto se aproxima. Como sempre na história, temos dois lados. Em cada lado, seus representantes. Sob estes, vamos nos dividir. Será impossível não escolher um lado, isso seria anunciar nossa derrota já de antemão. Quando o conflito começar, valerá a máxima "um boi para não entrar numa briga, uma boiada para não sair". Aí, uma vez dentro, é hora de agir, de pegar as armas. Qualquer diferença deve ser eliminada. Quanto mais elementos tivermos para definir aquele que nos representa, mais claro fica quem deve ser extinguido, pela prática e imediata lógica da oposição. Todos acreditam que estarão do lado certo, do lado do bem. Todos acreditarão na prática e imediata ideia do certo e do bem. E quem não estiver do nosso lado, será o errado e o mal.
Um confronto se aproxima. Tem quem se identifique com quem vem de baixo, que conquistou seus poderes com esforço e trabalho. Do outro lado, aquele cujo poder foi herdado, ainda que responsável na competência de como continuar exercendo-o para manter, como dizem, "a boa tradição". Do lado de quem "vem de baixo", a crítica àquele que "vem de cima": "um rosto limpo e um cabelo bem penteado não nos convence" e o argumento de que a distante origem deste não o possibilitará jamais a lutar pelo que a humanidade realmente precisa. Para quem o "cara que vem de cima" representar o ideal da salvação, o "cara que vem de baixo" é uma ameaça. Chegam até a usar como argumento a maneira como fala, compondo ao seu estilo obscuro, alguém que vive se escondendo: "uma hora sua máscara cairá e todos gozarão quando sua verdade for revelada".
Um confronto se aproxima, e não haverá crianças de ontem bem informadas, e a possibilidade do diálogo seria uma péssima estratégia no tempo imediato do constante duelo Eu vs Outro. Há quem diga que a guerra é necessária para, de tempos em tempos, manter a população mundial equilibrada.
Um confronto se aproxima e a gente se desespera. Apelamos aos deuses, e começamos a acreditar em super-heróis, pois, ainda que bem informados, parece que não deixamos de ser criança. Um confronto se aproxima. De um lado, o terráqueo com seus aparatos tecnológicos, do outro, o grande "deus" kryptoniano.
Dia 24 estréia Batman vs Superman.
Vinicius Costa também estréia com brilho em Hermó, ao lado de renomados cronistas. Que seu prestígio nos traga grande alegria na leitura.