Foto do Hermógenes

Espaço de reflexão Hermógenes de Castro e Mello

Folguista

A moça da foto ao lado foi entrevistada. Não é "escrava do século XIX" como se induz, na verdade folguista (cobre folgas aos fins de semana por valores elevados para a babá regular, essa por sua vez com toda a papelada exigida pelo governo em ordem).

Além disso, a avaliar: o maior empregador do país é a classe média brasileira, com domésticas, babás, motoristas e diaristas. São 7,5 milhões de pessoas que vivem exclusivamente de serviços nos lares. A verificar que uma babá no Rio de Janeiro, conforme a foto, não o faz por menos de 2.500 Reais ao mes, mais transporte e refeições. Já a folguistas com horários inusitados (noite, fim de semana) o faz por até 4.000 Reais.

Até o mais difuso arauto esquerdista e moralista a gritar por revoluções sociais, não abre mão da neguinha que faz o café, aqui pelo Brasil, principalmente no Nordeste.

E em tempo: reza a História, que Engels certo dia hospedando Marx percebeu esse, à maneira grosseira e escravocrata do século XIX, tratar muito mal às serviçais da família Engels, ricos fabricantes de tecidos. Engels perguntou a ele a razão fazer. E Marx respondeu: - "Para mais odiarem o opressor, eu, e libertarem-se nessa luta de classes."

Bela desculpa para o conforto que essas criaturas traziam a ele...

O maior socialista que conheci, pessoalmente, proeminente personagem baiano, político de peso, conhecedor da doutrina marxista a fundo, jamais abriu mão de motorista, empregadas, faxineiras e até um bizarro "colocador de água" (um sujeito que com um barrilete trazia água de um rio, nas costas, a despejar na caixa d´água da morada desse senhor. Isso nos anos 1960, do século XX.)

Hegel, e não Engels, foi sumário nesse assunto e determinou filosoficamente haver apenas servos e senhores, pagos ou não. Sempre haverá quem segura um guarda-chuvas.

Ou pior.

Na Roma antiga os bárbaros eram capturados e escravizados. À disposição 24 horas por dia, até como assistentes nas mais inusitadas situações.

Me recordo ler sobre rico dono de gládio e longa seca, as piscinas de sua casa cheias para o confortável banho, a esposa já a esperar para compartilhar, escravas à volta.

E a rica romana, a agradar o marido e desejar excitar-se, solicita ao companheiro "servir-se" do traseiro de uma das escravas, como introdução ao festim aquático.

A cena é depois recriada no seriado "Roma" do HBO, divirtam-se (ou choquem-se).

Discurso é A, realidade sempre é B.

Somos assim, e não digam não somos.

Escrava? Não, folguista, cobre as folgas da babá aos fins de semana, por bons valores.

Nossa presidente esquerdista também não abre mão de privilégios debretianos do século XIX...

Já o gringo mudou o enfoque, tem mais pinta de século XXI sem tantos serviçais em demanda.

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