Refeições
Por esses tempos tenho desvendado nos canais de TV da Internet o que se come pelo mundo. De pasta de grão-de-bico em Israel a escorpiões torrados nas Filipinas.
Sendo guloso e beberrão, a melhor companhia para esse exercício solitário de observação à distância, é certo seriado gringo (lá eles, novamente) de um tal Anthony Bourdain, "NO RESERVATION".
Sem firulas, bem direto e sem procurar os lugares chiques, mas o que se come de fato.
Por aqui os passeios da chef Bel Coelho, sem a ironia do gringo, mostram bem a comida brasileira. Louvável note-se a linda senhora não abusar dos diminutivos, como nos demais programas de culinária brasileira onde 90% das palavras terminam em inha ou inho.
Observem.
A refeição é algo nós humanos fazemos coletivamente. Quase sempre. Raro alguém ir a restaurantes sozinho. E nos dá imenso prazer.
Todos os dias saio do "trampo", como dizem, e vou à minha casa almoçar com a esposa e filhos, os que aparecem.
E vejo por aqui todos indo aos por-quilos ou bancas em grupos. Sentam, conversam, relaxam.
E hábito de sempre, até retratado por mestres do passado, como a Última Ceia de Leonardo da Vinci.
Em nossa língua, algo tão prazeroso na descrição, ousamos traduzir nossa intimidade erótica como coisa palatável, com a mesma denominação.
Mulheres e homens se "comem", por essas terras tupiniquins.
Sem antropofagia, somos assim.