Não é mentira, estamos destruindo. Mesmo!
Nós brasileiros aqui do Sudeste temos a eterna desconfiança a tal destruição da Amazônia ser balela; como se diz: papo furado. Imaginamos aquilo tão grande em sendo impossível sua devastação.
Pois as coisas são um pouco diferentes. Bom amigo por lá esteve, alguns dias atrás. Pelas bandas de Carajás no Pará, próximo a uma tal de Ourilandia do Norte. Pelas fotos feitas, áreas dignas de Afeganistão empobrecido. Sem exageros. Com a vantagem dos cidadãos (seria permitida a cidadania naquelas paragens orientais?) afegãos, estarem em meio a deserto de origem, estima-se, natural.
Pelos lados do Pará, não. Lá estamos socando o machado de fogo, a fazer o deserto. Sem dó. A derrubar e queimar sem choro; quase a metade da área florestal já virou inferno. São feitos pastos, a deteriorarem rapidamente, pois o solo sabemos não é lá grande coisa para gramíneas; e em breve tornar-se substrato de leguminosas, em larga escala. O avanço da soja!
Nada é feito contra. A nossa chefa do meio-ambiente me parece pessoa adoentada, sem ímpetos e içada à condição de ministra anda solitária, resignada contra o poder dos destruidores.
Sua excelência (ainda bem que a excelência é só dele), o presidente da nação me parece pouco interessado no assunto. Botando fogo e criando emprego, plantando soja, tudo está em ordem. A governadora do estado, sua amiga e correligionária (aquela a instituir a folga nas sextas-feiras, para somente funcionários públicos irem às praias ao norte de Belém durante o verão, lembram?) pensa similarmente.
As fotos ao lado são bem recentes. Vejam a eterna névoa (fumaça, sabemos), as queimadas, as áreas transformadas em pasto e correndo impune a destruição sem a menor censura. Às vezes alguns imbecis aqui da proto-intelectualidade se arrogam discorrer sobre a ganância de estrangeiros a quererem a nossa Amazônia.
Arrotamos nossos direitos inalienáveis sobre ela. Prendemos o holandês que ousou pegar sementes e levar para estudar. Nosso bioma é sagrado.
E de fato a Amazônia é nossa. Por isto, comprovadamente sabemos, estamos dando jeito de destruí-la; afinal se é nossa fazemos com ela o que quisermos.
Como na história da mulher do malandro...
Somos assim.