Foto do Hermógenes

Espaço de reflexão Hermógenes de Castro e Mello

É tudo mentira.

É mentira que o ditador desejou a filósofa francesa. Que a desejou a ponto procurar por outros meios entreter o marido, também filósofo, escritor e pensador.

A afastá-lo e comer a ainda palatável senhora, apesar de já em robustos anos. E que adorou, ela menos, dizia falava demais.

E o outro barbudo, seu companheiro de revolução, a derrubar ditadura anterior, também a desejava. Ou ela a ele, mais provável.

E também ela desejar a esposa do principal, pois assim como cantava e ganhava as pupilas do marido, na ilha do Caribe desejou essa bela.

E todos se comeram, dizem, e viveram (e vivem) felizes para sempre.

Menos o jovem revolucionário. A ele deu tudo errado. Escorraçado para fazer a revolução na Bolívia, ferrado com a renitente asma e falta de recursos, esquecido propositadamente pelo chefão na ilha, acabou enfrentando a CIA e seus influentes comandados no exército da nação andida. Também, quem manda nascer argentino...

Num canto, acuado, sem charutos ou remédios, entregou-se, dizendo:

-"Não atirem, valho mais vivo que morto."

E o irmão do soldado boliviano, morto pela guerilha do argentino dias antes, que então atirou, disse:

-"Você não vale nada..."

Fantasia, talvez. Mas cheira à verdade.

Sempre alguém deseja a alguém, somos assim. Sempre alguém atira, também somos assim.

O barbudo ditador estava de olho na ainda palatável filósofa...

Apesar de bem servido, o que atiçou os desejos da francesa, curiosamente...

Mas o ditador talvez soubesse dos atributos da senhora, aqui em reveladoras fotos do passado. Hermosa...

Mas esse, argentino, coitado, se ferrou na bola dividida e virou imagem de Cristo no altiplano andino. Aqui sua última foto, já defunto...

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