Engraçadinhos
Hoje certa amiga me conta de um aluno seu, meu chará, munido de um estoque quase interminável e diário de piadas prontas para consumo.
Com certo sucesso, pois ela se encanta com as bobagens do meu Namensvetter, forma extra-longa em alemão para o sintético chará...
Adoro os bons piadistas.
Sigmund Freud escreveu extensamente sobre isto, sobre os chisteiros da humanidade, essa parcela tão pequena.
Curiosamente são sempre mais afáveis e tranquilos, os chisteiros, em minha estatística particular sobre o tema.
Churchill era engraçadinho, piadista e sarcástico-irônico. Ganhou a guerra e viveu muito.
Roosevelt idem, vivendo menos, mas feliz. Truman gostava menos de um divertido caso, mas não saía dando tiros contra os piadistas.
Stalin não tinha o menor senso de humor. Ordenava prender, torturar, levar a Gulags.
Hitler menos ainda, provavelmente mandava matar imediatamente os alegres contadores de piadas.
Obama dizem gosta de uma pilhéria, Bush só achava graça em bombas estourando.
Bin Laden não sabia ser feliz, nem engraçado. Deu no que deu.
Por sinal, me parece um problema generalizado pelo Oriente Médio, a total falta de humor. Os pobres cartunistas do Charlie Hebdo sentiram isso na pele.
Um amigo baiano pouco ria de piadas, apesar de bem humorado. Acho que não as entendia ou não sentia a verve da ironia. Já outro, paulista, quase engasgava com chistes; e os contava com alegria extrema.
Mas, ironia do destino, ele, o mais alegre e contador de casos divertidíssimos foi pego por um câncer pesado, morreu jovem. E piada nefasta, câncer de pulmão, sem jamais ter fumado um cigarro.
Fez pilhéria com o próprio destino... Isso é triste, mas às vezes é assim.
Enfim, somos assim: engraçados alguns, sérios outros, pentelhos os demais.