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Espaço de reflexão Hermógenes de Castro e Mello

Labirintite

Até um mês atrás para mim era algo de filmes inglêses dos anos 1930, quando senhorinhas em seu chá da tarde reclamavam de tonturas e culpavam a tal labyrinthitis.

Pois de filme inglês passou à complexa realidade do meu cotidiano, perdurando já por volta de 30 dias.

Bêbado, no andar, sem estar. Medo de tombar no chuveiro ao enxaguar a cabeça de olhos fechados. Tomar doses diárias de remédios nem sabia existiam, a melhorar a circulação do sangue pela região do ouvido, por onde estão instalados nossos "giroscópios", e manter em conjunção com os olhos o necessário equilíbrio.

Ouvir de médicos e candidatos a médicos é-assim-mesmo-güenta-aí-comum-mais-velho e demais manifestações de entendidos.

E pensar: parece agora a maldição de algum professor de antão se tornar dura realidade: "seu" moleque desequilibrado!

A rigor desejaria o desequilíbrio fosse outro. Ou outros...

Gastar o que não tenho, viajar para onde não deveria, deixar de trabalhar, folgar quando quisesse, assistir às sessões das madrugadas, tomar todas ou nenhuma, fumar tudo ou parar... (na dúvida parei de fumar...)

Pouco a fazer; esperar, ver isso passar.

Diz a bula do remédio "para tratamento médio de até 3 meses"... Hm. Complicado.

De qualquer forma, o momento nos vemos fragilizados por algo não mais controlamos e nos tornamos aqueles esperam com paciência (daí o termo pacientes...), coloca nossa mente a pensar no que não desejamos: o passar dos anos, esse fluir o genial Einstein dizia variável, mas na nossa proximidade cotidiana, como a ampulheta, é desfavoravelmente constante.

Muito desfavoravelmente. E nos assusta. Somos assim.

Atrapalha um tantinho o cotidiano...

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