Cruel, mas realista...
Nós brasileiros, assim como demais humanos do planeta não apreciamos muito as críticas, nem as coletivas. Se alguém se aventurar em dizer algo, mesmo estando parcialmente ou totalmente certo, enfezamos.
Aqui ou na Índia, talvez na Argentina menos... (isso é maldade minha).
Porém fico a pensar, após as manifestações dos sociólogos, digamos, “latinos” como nós.
Domenico Masi, o do ócio criativo, a nos confrontar com a declaração sermos de caráter e alma de vira-latas.
Nasci aqui. Desde pequeno, desses próprios pais imigrantes, às vezes com olhares de certa pena, sempre foi deixado claro eu ser filho da terra ( o que não necessariamente seria um privilégio...), teria sido talvez um tantinho melhor ser nascido lá. Não pleno de “puro sangue”, um vira-latas...
Enfim, complexo de vira-latas, pedigree apenas meia-boca.
Porém amaciado o assunto pelo professor Manuell Castells de Stanford, em entrevista da Folha de 18.05.2015, completando a avaliação, um tanto mais crua (ou seria cruel?)
Primeiramente não deixa a questão como algo local, nativo.
Diz :-”... me refiro a uma crise mundial dos sistemas tradicionais de democracia representativa, por conta da corrupção, agora mais exposta, as pessoas têm mais acesso à informação e mais capacidade de organização por conta da internet.”
Inegável, excetuados os poucos tapam os olhos e ouvidos por razões morais ou religiosas, de fato sabemos mais.
A apresentação da classe política a ser grupo cuja única finalidade é proteger a si, seus salários e seus apadrinhados, de preferência com cargos públicos, é inegável. Clara.
E encerra o professor espanhol, com o bravo:
- “Há uma imensa riqueza controlada por 1% * da população. Como é que a sociedade não vai estar com raiva? No Brasil não há Estado de Direito. No Brasil há uma classe política corrupta que utiliza o Estado para seus próprios fins.”
Discorda-se, magoados?
Penso não, não há de fato Estado de Direito, basta ir a uma delegacia ou pior, hospital público. E de fato, a política na maioria composta de corruptos, usa o Estado apenas para seus fins, a iniciar com o uso dos jatinhos da FAB para ministros, locação absurdamente cara de apartamentos em Noviiorque para diplomatas brasileiros, ou, testemunhado pelo escriba, festas chiques e inúteis em embaixadas a comemorar o 15 de novembro, por conta do erário.
Somos assim, talvez o Sr. Castells não esteja tão equivocado, também em relação a nós brazucas.
* Porém: penso que 1% dos brasileiros, 2.000.000 de cidadãos, com certeza não controlam 90% de nossas riquezas. Deve ser 0,001%, a discrepância é bem maior.