Burocracia terrorista
Na infernalização burocrática, dizem as estatísticas, nós brasileiros só perdemos para os gregos.
Dá até certo orgulho, sermos os segundos em papelório inútil, logo atrás dessa nação com seus milênios de sabedoria e filosofia.
O grande lance na genialidade relacionado a essa tática terrorista, diria eu, praticada pelo curiosamente intitulam “estado de direito”, foi alterar por razões originárias de certa necessidade organizacional, a dita saudável burocracia mínima, para formas de afastar, aterrorizar e até matar com papéis desnecessários ou impossíveis.
Com a Internet, imaginava-se simplificar o tema. Erro; só piorou.
É prática mundial, os ditos países do Primeiro Mundo não ficam atrás. Normas, documentos, diretrizes, identidades, passaportes, certidões, etc. etc. etc.
E muitas usadas de forma a impedir algo pela lei “seria” possível, mas o estado não deseja.
Certo consulado pede a certidão de casamento da minha avó, para renovar um documento. Sou homem de 58 anos, minha avó nasceu em 1894. Por sorte jamais casou, rebelde para a época, foi mãe solteira.
Todavia a provar o cidadão certa “cadeia sucessória”, pedem essas maluquices. Não basta ser filho, há de ser neto com papéis alguns até com símbolos de terror de estado estampados sobre eles, para provar algo.
E me divirto com os documentos amarelados, por sorte guardados, alguns há quase 100 anos, válidos para esse consulado.
Até passaportes de pessoas mortas há mais de 35 anos e carimbados em duro burocratiquês dizendo-os “INVÁLIDOS”, passam a ser prova o antecedente era um ser humano vivente.
No fundo apenas manobra para evitar despesas sociais com cidadãos do país por herança sangüínea, mas não-residentes. E não-pagadores de impostos por lá... a razão principal para dificultar.
Muitas pessoas desistem por não ter acesso a esses papéis de tantos anos, com duas guerras pelo meio. Outros, com passaportes expedidos há mais de 40 anos continuamente, agora a se digladiarem com mais e mais exigências a renovar.
Em outros casos, como a pedir licença de funcionamento para empresa em São Paulo, quando pouco maior o empreendimento, é tarefa praticamente impossível. Nesse caso, a burocracia existe apenas para garantir a corrupção e certa indústria de intermediários. Da própria boca do funcionário de uma sub-prefeitura a me dizer: - “Sem esses valores, pagos por fora, esse processo jamais sairá da minha mesa para seguir adiante.” E o papelório, paga a propina, torna-se algo quase inútil. Na verdade é incontornável o bakshish, de outra forma a burocracia impede tudo, jamais conseguir-se-á a licença.
Imaginem-se daí as chicanas funcionários da Petrobras indicados por políticos criaram a outros, para favorecer a quem lhes pagava as propinas...
Somos assim, usamos até de inúteis papéis para proteger interesses, bons ou maus.
Principalmente os maus...