Os animais
Hoje ao caminhar na fábrica, olhando pelo portão principal, vejo dois jovens negros (sim, podiam ser brancos, ou um branco e um negro, mas eram dois negros) bem vestidos, batendo-se na calçada.
Como enlouquecidos animais.
Com tal fúria e ódio, não havia como interferir sem machucar-se, provavelmente.
Eu, homem mau, jamais interfiro em brigas de marmanjos, excetuando agressões às mulheres e crianças, aí me meto.
Apanhei muito em brigas, demais. Após os 14 anos me tornei certo apóstolo da paz e não ingerência. Me dou bem com isso.
O que mais impressionou hoje: a virulência e ódio entre os dois (são funcionários de uma empresa vizinha, soubemos depois).
Por sorte não havia armas, o resultado seria complexo.
Porém o pior foi observar a torcida, homens adultos parados apreciando os imbecis se digladiando, rindo. Uma senhora tentou interferir, a copeira da tal empresa, grande gráfica aqui da Barra Funda, sem resultado. E um velhinho, porteiro, com algum resultado, sussurrando algo sobre ambos perderem o emprego.
Os demais, instinto ou não, nada fizeram.
Nem eu.
Somos assim.