O chambre indiano
Por Denise M. Teixeira, de Ipiaú, Bahia em 12/12/2012
Beleza e vaidade caminham juntas. Juntas, surpreendem, fazem rir nas situações das mais dramáticas.
Adoecida, gravemente, uma senhora na casa dos oitenta foi hospitalizada com urgência. De volta à casa, passado o sufoco, viaja à capital para garantir recuperação.
Ainda debilitada, logo cedo, é surpreendida pela visita de médico experiente e amigo. Corre-corre para deixar o aposento da noite em vigília salubre, arruma-se cama, remédios, retira-se os copos de água, mingau, lixo.
Hora de trocar a paciente ainda confusa, com dificuldades de fala, locomoção, deglutição. Um singelo robe de algodão e bolinhas, à mão e, fácil de vestir, é introduzido no primeiro braço da paciente.
Inquieta com a escolha, balbuciando, quase sem voz, ela exclama: - o robe indiano, o indiano.
Pedido atendido, a fina seda pura, turquesa, estampado com tons de cinza e rosa, vindo diretamente da Índia e sacado da gaveta, às pressas, é vestido na paciente sem qualquer dificuldade.
Rapidamente, a debilitada e fraca senhora recupera seu ar de mulher bela e elegante, inigualável.
Recebe charmosamente o médico, retoma sua condição de enferma repetindo obsessivamente suas queixas, justas queixas.