Esquerda-direita ou direita-esquerda?
Dizer-se de esquerda (considerando-se bom e justo) ou de direita (malvado e conservador) tem sido umas das tônicas da finalizante batalha política brasileira pelo "pudê", esse troço pelo qual nos matamos ou como se diz por aí, ninguém larga o osso...
A origem dos termos é interessante, remonta à Revolução Francesa, 1789. Os membros da Assembleia Nacional, divididos entre aqueles apoiavam o rei e os membros revolucionários, sentados à direita e esquerda da presidência da casa, respectivamente.
Não eram partidos de esquerda ou direita, apenas a divisão de monarquistas a proteger seus privilégios e os revolucionários a lutar pelos seus direitos (depois privilégios, pouco muda nisso...).
A melhor definição, adiante, é de certo sociólogo britânico, Robert MacIver, em 1947 em A Rede do Governo: "A direita é sempre associada com os interesses das classes superiores e dominantes, a esquerda às classes de menor poder econômico ou social. O centro é convergência de ambas".
Ou seja: poder social direita, poder econômico direita. Poder sindical esquerda, poder das massas esquerda.
Mas apenas uma questão de poderes, privilégios e o desejo irrefreado de alguns em mandar, submeter a coletividade àquilo alguém imagina o correto, em nome de ideologias, qual seja a matiz.
Somos todos carneiros, independentemente se o pastor comanda lobos de direita ou de esquerda. A submissão é geral. Os lobos são apenas lobos.
Aqueles que não se submetem são rotulados e perseguidos: dizem-nos criminosos, subversivos, dissidentes, terroristas, malucos, black-blocks e por aí segue a denominação daqueles todos a contestar o "pudê".
Todavia também, quando vitoriosos em seus pleitos, esse todos acima, violentos ou não, seus discursos e atos tornam-se os mesmos do anterior dominante.
Cuba era ditadura de direita, passou a ditadura de esquerda. A violência na metodologia equiparável. O desejo pelo "pudê" por lá também enterrou a democracia, ainda o método quebra-galho para conseguir um tantico de equiparação e justiça, sem procurar armas...
A Revolução Francesa e seus personagens são um marco na libertação das classes do jugo da monarquia e aristocracia perversa. Porém instaurada é apenas instrumento, criando termos como "terror de estado", para aniquilar os antigos e novos oponentes daqueles tornaram-se líderes.
Por aqui o discurso de uma das candidatas à presidência, de esquerda, é de rigidez estrutural pior que dos milicos ditadores. Outra, já eliminada, levou essa questão à certa versão monástica, sem brilho. Aclamada como possível salvação, ao abrir a boca até os mais fervorosos seguidores deixaram-na para a posteridade política, agora vende a associação em legendas...
E o candidato da "direita", porém a rigor todos provenientes da antiga esquerda, mostra-se apenas um continuador do que na Revolução Francesa denominava-se O Regime Antigo, (Le Ancien Régime), o político a acolher seus iguais, a lutar principalmente pelos cargos e privilégios, dizendo-se protetor do povo.
Seu povo, claro.
É dos humanos, não mudamos muito, somos assim...