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Espaço de reflexão Hermógenes de Castro e Mello

Tempos duros

Nas disputas políticas, onde por esse Brasil somos apenas compulsórios coadjuvantes, a real situação das nações é de alguma forma suprimida do dia a dia noticioso.

Ao assistir ontem a propaganda política dos candidatos à presidência, verifiquei pela situação estarmos ótimos, pela oposição ficaremos ainda melhores. Certo!

Alguns discretos indícios se mostram contradizendo, como a moeda americana subindo, a dura escassez de crédito, modestos mas firmes passos nas demissões no setor industrial e o comércio calmo, bem mais calmo. Mas pelo apresentando na propaganda dos candidatos, tudo uma torta de creme com cobertura de amêndoas.

Na empresica onde trabalho alguns sinais indeléveis da realidade brasileira. Redução de jornada para aqueles já aposentados ou de salários robustos, férias antecipadas, programa de demissão voluntária em ação, com poucas adesões. As vendas, bem, fortes porcentos abaixo de 2013 e mais ainda em relação a 2012.

Fornecedores sem maiores problemas de estoques ou prazos, como não ocorria no passado recente, com grande demanda. Enfim, recessão com alguma inflação.

A maioria das pessoas endividadas, a famosa "ficha caindo" por esses meses. Metade das empresas brasileiras, segundo um grande jornal, com débitos não pagos no prazo. São 3,5 milhões de empresas.

Pessimismo?

Sempre, claro; dizem o pessimista ser o otimista melhor informado. Não acredito ser meu caso nem de quem administra onde trabalho, não temos acesso às informações relevantes. Mas pelo tempo das medidas aplicadas por aqui e o azedume no rosto dos atingidos, talvez a candidata da situação não consiga levar a melhor, com seu forte apelo referente programas de auxílio social, as ditas bolsas.

Falta algo mais.

Já o opositor é bem-humorado, jovial apesar dos 55 anos, porém oriundo da política profissional, no estilo é-dando-que-recebo e importante mesmo serem os cargos para partido e aliados. O povão não é prioridade...

A bipolaridade do sistema democrático mundo afora, excetuadas as grandes ditaduras chinesa e russa, torna-se tendência. O chavão democratas-republicanos americano ou esquerda-direita francesa, meio a meio, quase norma. Nessas nações até o eleitorado se subdivide, em cotas iguais. Metade vota, metade se abstém.

Aqui chegamos próximos, apesar do chauvinismo caudilhesco da politicalha brasileira ainda não permitir o voto livre, o que traz a "justificativa", os votos brancos e nulos.

Mas entre nulos, brancos e ausentes, já temos 33% no estado onde vivo.

Talvez, dentro da filosofia por pior seja, a democracia ainda é o melhor sistema, é chegado o momento de repensarmos esse "melhor sistema".

Pode haver outros, somos criativos, somos assim...

A disputa é curiosa, tende nas democracias a certo 50/50%. De fato também os eleitores se afastam, 50/50% vão e não vão às urnas. Onde não é livre, como por aqui, a tendência é 33/67%.

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