Violência, cada vez mais.
Apesar de oficialmente não sermos o país mais violento do planeta, em números absolutos infelizmente nos afirmamos como tal, pois entre os muito sanguinários nos surpreendemos o maior. Dizem que os países da América Latina, pelas estatísticas da OMS, lideram. Esta que considera a questão epidêmica, em países como o nosso.
Todavia em números totais, em quantidade de gente morta de forma cruel, nós brasileiros sagramo-nos campeões.
Pior que Afeganistão ou Iraque, curiosamente.
Estima-se em torno de 100.000 pessoas por ano morrem morte matada por aqui, seja tiro, faca, porrada ou acidente de automóvel. E convenhamos 90% dos nossos acidentes de automóvel são violentos, premeditados, movidos à cachaça.
Isso nos torna país um tanto chato de viver, inseguro ao extremo.
Mas isso todos sabemos, nada fazemos contra, a não ser nos armarmos e encastelarmos nos micro-feudos, blindando automóveis.
E o discurso a afirmar o pleno emprego seria a única solução contra isso, naufragou. Apesar de economicamente em oitavo lugar na escala mundial, a violência só aumentou.
De todos meus parentes por essa terras brasileiras, a maioria já passou por atos violentos. De tiros no rosto à tentativa de estupro, de assaltos com facas a roubos de automóvel à mão armada, de sequestro à cárcere. E resignados, todos, jovens e velhos não sabem o que dizer, alguns lamentando o país ser assim mesmo, nossa herança histórica e cultural, etc...
Indo adiante, por esses dias pensando no tema, percebi evidentemente esta nossa questão atávica da ligação com a violência ser generalizada. Se não em atos, em discurso. Desde meninote ouço de certo "bullying" intenso, de machismo precoce, de desafio e por fim de real violência. Nas escolas independentemente de nível da origem (se existir isso), a locução era de violência, ameaçando porradas, sexo involuntário e toda sorte de bobagens de cunho abrutalhado todos conhecemos por aqui.
Os metidos a chatos opressores eram admirados, impunham-se pela violência e a tal esperteza, essa abominável questão brasileira. Lambiam as mãos ao jogar figurinhas, a colar e virar. Furtavam as bolas de gude, ajeitavam a bola com a mão para o gol sair, colavam nas provas e ameaçavam quem não "passasse" a tal cola.
As moças não era admiradas por suas palavras ou gestos. Apenas eram gostosas ou buchos; e o critério de avaliação era algo como se "davam" ou não. E as pobres domésticas, sempre tratadas com certo desrespeito e violência, por todos da família, aturavam a questão, o salário era determinante para a sobrevivência.
Ninguém jamais errava ou erra no trânsito, a culpa sempre do outro. O destrato no atendimento, culpa sempre do outro. Grosserias com garçons, com atendentes, motoristas e por aí vai, a regra.
E em sendo funcionário público, a violência parte integrante do ser, a já iniciar qualquer conversa com ameaças, salvo raras exceções os talvez bombeiros.
Por toda parte, sempre alguém nos ameaçando. Bandidos ou governo, em duas pontas opostas, apesar da mesma metodologia e acredito hoje: ideologia.
Roubar, furtar, levar vantagem.
A resignação a tudo isso, cansados dessa infernal forma de convivência que aturamos, revela-se agora na intenção de voto.
A presidente, mais um desses postes eleitos a não atender qualquer expectativa, quase infantil na gestão autoritária, em queda livre nas intenções de voto. E a oposição não crescendo.
A matemática é simples, cada vez mais não votamos, anulamos ou votamos em branco. Eu mesmo o faço desde 1975.
Hoje quase 40% do eleitorado se abstém, sabedores que seu voto nada vale. Os eleitos não pensam em ser corretos, apenas querem poder e vantagens, negociar cargos.
A nos impor por chantagem o voto obrigatório, ato violento per se, apesar do bobo discurso do "direito ao voto"...
E se lixando os eleitos, em simples linguajar, para a violência e suas conseqüências.
E nós, como carneiros, deixando conduzir-nos pelos lobos. Os lobos do governo ou da bandidagem.
Mas apenas violentos lobos. Seria tempo de mudar isso?
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