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Espaço de reflexão Hermógenes de Castro e Mello

O um deu origem ao dois

Por Heródoto Barbeiro, de São Paulo

O sistema capitalista como se conhece hoje se consolidou na segunda metade do século 18 com o advento da revolução industrial. Nessa época se empregou maciçamente o trabalho assalariado, uma mudança no modo de produção, dizem os marxistas. Ou seja, o capitalismo nasceu das entranhas do feudalismo e o matou. Na outra ponta, o economista tcheco Schumpeter viu o mesmo fenômeno e chamou-o de destruição criativa, isto é: para uma sociedade ou mercado se desenvolver, é necessário o rompimento com os sistemas antigos e a adequação às novas tecnologias e comportamentos. Os operários ingleses que vieram do campo aprenderam a trabalhar com máquinas e passaram a morar nas cidades com todas as mudanças que isto pode significar.

Uma reforma política desejável não se compara com uma mudança no modo de produção. A não ser que seja revolucionária, como tantas vezes aconteceu no mundo. Algumas derrubaram o feudalismo para implantar o capitalismo. Outras derrubaram o capitalismo para implantar o comunismo. Outras ainda implantaram totalitarismos com dupla face de capitalismo de estado com fortes programas sociais como o fascismo e o nazismo. Portanto reforma é um arranjo. Pode começar com o desejo de se implantar em um sistema baseado na honradez e na verdade. Prosseguir com a certeza que todo crime será punido. Num sistema moral ninguém vai ser considerado suspeito só porque foi eleito deputado. Nem acreditar que a legislatura futura será sempre pior do que a atual.

Uma atitude moral precisa atingir a todos. Não só os políticos, mas os cidadãos em geral. Afinal políticos saem da sociedade. Ter vergonha na cara vale para todos, dos que dão dinheiro para o guarda não multar até os que foram demitidos, voltam a trabalhar, mas não querem a carteira assinada para continuar recebendo o salário desemprego. Na sociedade que vivemos alguns pensadores anunciaram mudanças incríveis : Nietzsche anunciou a morte de Deus. Foucault a do homem e Fukuyama proclamou a morte da História. No entanto ninguém ainda decretou a morte da ética e da moral. É por isso que há esperança para reformas sejam elas quais forem. Dependem de vontade política e não de alguns políticos. Deve ir na direção da construção da democracia e não da plutocracia. Deve ser aberta transparente com regras do jogo claras e não urdida nos conchavos atrás das portas ou nos escaninhos. Quem pode movimentar tudo isso se não o cidadão imbuído de espírito público?

Corrupção, sempre há quem corrompa. Mas sempre há quem não resiste. Infelizmente a maioria. Seríamos naturalmente corruptos?

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