Foto do Hermógenes

Espaço de reflexão Hermógenes de Castro e Mello

Está frio, está quente

“O prato está muito cheio”.

”Não tem pimenta”?

”A pimenta é muito forte, está com pouco limão”.

”Essa água é muito fria, me da dor no céu da boca”.

”Ele tem muito parente, não é? E vêm todos, tumultua...”

”A criançada faz muita zoada”.

”Esse lugar é muito parado, não tem gente”.

”Esse chinelo está me apertando”.

”O inhame está frio, a manteiga muito dura”.

”A cadeira incomoda, parece está mais alta hoje”.

”O perfume dessa moça é muito forte, ela deveria tomar um banho”.

”O menorzinho está muito gordo, o outro precisa tomar sol”.

”Esse pinguim está enfeiando a geladeira”.

”Nunca mais deixe a menina colocar o pires de cafezinho com a xícara grande”.

”Fecha essa janela, está esfriando”.

”A TV só pega um canal”.

”Nunca mais volto para esse lugar horrível”.

”Onde está minha malha”?

”Não deixe pegar meu cream-cracker nem meu adoçante”.

”Eu não gosto do jeito ela corta a laranja”.

”Pede para o menino buscar laranja pêra, essa está seca e é lima; e eu não gosto de laranja lima”.

”Estou com frio”.

”Estou com calor”.

”Feche a janela para eu sentar aqui, está ventando”.

”Abra a janela, está calor”.

”Lavaram meu carro”?

”Vou junto sim, o carro tem ar-condicionado? Sinto muito calor em carros”.

”Rapaz, desliga o ar, está muito frio aqui, não gosto de carro com ar”.

”Durmo mal e pouco, preciso dos meu remédios”.

A moça se aproxima, o pequeno prato com os remédios. Hora do composto para relaxar e dormir, diz.

”Durmo demais, esse remédio me faz dormir muito, não quero agora”.

Somos assim.

O pires pequeno, a xícara grande. O que importa? Para alguns importa.

Adoro um pinguim sobre a geladeira... Há quem não tolere, sob risco rusgas sérias.

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