Dias de cão?
Talvez precise aprender a negociar as coisas d´alma de forma mais branda.
Ando me chateando, devo tornar-me suave, magnânimo, melhor; enfim: pessoa mais ajustada a essa loucura do século 21.
O cliente diz não pagará no prazo, irá deduzir multa por atraso na entrega e seremos expulsos de seu registro como fornecedores se insistirmos naquilo não determinaram... Não atrasamos nem foi a empresa capaz em longos 90 dias nos enviar o contrato de fornecimento para assinatura. Material já seguiu para Angola com papel provisório, nem entrada pagaram.
Perdi a linha da elegância, disse a cobrança seguiria ao cartório, poderiam excluir-nos do seu registro quando quisessem e até devolver o equipamento, sem necessitar pagar.
Diplomacia zero...
Outro cliente da Holanda, com gerenciamento técnico na Noruega, diligenciamento no Brasil e cliente final no Uruguai tem tantos, mas tantos trâmites burocráticos internos, não conseguem seguir adiante. Equipamento pronto há 60 dias, por papelório absurdo impossível embarcar. Alguns papéis perdendo a validade por outros ainda não terem sido emitidos... Fiz escândalo em duas línguas, chiei, chutei e por fim pagaram o material. Mas não conseguiram retirar, continua a estúpida caixa de madeira olhando para mim, ocupando espaço, com sarcasmo parece dizer: contra burocratas ninguém criou remédio, mano!
E no aconchego do lar a visitante de longo curso, distante parente, me mostra o caminho: rezar. Assim faz várias vezes ao dia, até com padre televisivo. Rotina digna de um Gulag na Sibéria. Com aparente paz de espírito por isso.
Não sou assim, tenho que aprender. Ao próximo cliente pentelho vou pedir rezar uma noveninha comigo, ou algo similar. Quem sabe assim resolvemos os conflitos com mais suavidade e menos tempo perdido...