Paranóia
À medida os anos passam, sinto-me cada vez mais suscetível às coisas incontroladas e preocupantes da mente. Recentemente perdi pessoa querida sofrendo discretamente do mal do doutor alemão cujo nome não ouso pronunciar, penso se a herança maldita um dia me atingirá...
E com isso a maluca desconfiança, paranóia enfim, de tudo e todos. Cito casos, avaliem e me relatem se estou endoidando. Provavelmente estou...
Caso primeiro. O porteiro do local de trabalho é de comunidade religiosa alternativa ao padrão Brasil, de certa assembléia cristã de nome imenso. Diz ter largado os maus hábitos graças à dedicação desse grupo com os “fracos”, como diz.
E vendo-me um tanto tristonho por esses dias, certo dia ao chegar perguntou se poderia acompanhar até minha sala para uma oração conjunta.
Disse a ele eu seguir por outro credo, agradecer muito, todavia eu declinaria do conforto oferecido. E lamentar também solicitar a ele não mais fixar mensagens de cunho religioso de sua comunidade no quadro de avisos, pois mantínhamos a empresa nos moldes ecumênicos, sem doutrinas e privilégios a quem fosse.
O mesmo sujeito manobra os carros a tirar os ditos do estacionamento prestes a fechar e os deixar na rua, prontos para seguirmos após o horário de trabalho.
E eis que o camarada, paranóia minha provavelmente desconfiar, aprisionou um terrível peido após recente movimentação, quase desmaio ao pegar o carro. E isso em dia de chuva: ao abrir as janelas do bólido para liberar o terrível gás sulfídrico, molhou todo interior. Pensei, neuroticamente, seria ato falho do bom camarada a me punir com os gases do inferno e a gelada chuva por não permitir minha conversão com preces?
Caso segundo. Tenho horror à burocracia desnecessária. Porém esse ato hoje em dia, mundo afora, é quase um culto. Papéis, papéis e mais papéis, vinculados ou não. Com o advento da Internet, ao invés de simplificar-se os procedimentos, julgo pioraram. Em muitos casos insolúveis. E, a pior parte, certa parcela dos servidores públicos, mormemte no judiciário, penso utilizam o excesso para postergar algo a fazer, protelando por preguiça dar seguimento.
Todavia existe um código brasileiro não permite criticar-se isso. Jamais perguntar ao “agente da lei” ou outro investido de autoridade, até em grandes empresas, a razão do papelório inútil.
Pois recentemente perdi a paciência com Petrobras, essa para a compra de pequenos sobressalentes pediu documentação similar a um contrato de milhões. Neguei, disse para comprar em outro canto. Como não há, é produto nosso, aquiesceram e mediante ameaças de termos “chantageado” o império estatal, compraram. Haveria conseqüências...
A colega de trabalho havia montado certa triangulação com outra empresa que nos representa, essa faria a papelada exigida pela petroleira, a custo de ouro, para fornecer. Todos ganhariam.
Menos o imbecil que abastece seu automóvel sem opção de preços. Comentei com ela, me olhou como se eu fosse de outro planeta.
Fiquei preocupado, eu contestar algo tão enraizado por cá, a burocracia e enganar os outros... coisa de maluco.
Mas infelizmente sou assim, preocupante.