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Espaço de reflexão Hermógenes de Castro e Mello

A prostituição da imprensa

Nada contra o termo, prostituir-se é ato humano, nem sempre voluntário. As tais moças e moços da vida que o digam. Aliciados à força, seduzidos por falsas promessas ou simplesmente em ato de desespero, a sobreviver, negociam seu corpo, sua essência, seus básicos sentimentos, por dinheiro.

Faz parte da questão humana, desde que os humanos se dedicam a relembrar seu passado. A prostituição da imprensa segue em paralelo. Dos primórdios, pela questão da sobrevivência econômica ou imposição política. Jornais como órgãos acríticos no estilo Völkischer Beobachter na época nazista ou o Pravda, com suas legiões de jornalistas a escrever mentiras pró-governistas.

Quando hoje vi o tal maior jornal brasileiro sobre a minha mesa, verifiquei essa questão digamos, redundantemente lá, impressa a cores.

Certa sobrecapa cobrindo parte da primeira página com coloridos anúncios. E aquilo que seria a intocável, o respeitoso primeiro contato com o leitor, adicionalmente podada pela metade por moderno anúncio de penso ser casal, discretamente inclinados um contra o outro, anunciando algo do maior banco estatal do país, que nas letras miúdas se mostra quase extorsão de crédito.

Pensei comigo: é o marketing? O é prostituição? A liberar aquilo mais sagrado de um jornal com propaganda, a ponto, em pesquisazinha chinfrim minha, revelou-se irritante para a maioria dos leitores conheço.

Pouco a dizer, é instituição privada; pode e deve vender seu espaço como desejar, pelo valor achar correto

Os leitores nada têm com isso, talvez somente a procurar outras formas de informação menos interrompidas por anúncios de pouco interesse.

A prática ainda é corrente e crescente, a irritar profundamente. Alguns veículos, como a tevê, fazem disso a realidade do clique a desligar. Canais com espaços publicitários cada vez mais longos e freqüentes, concentrados aos finais dos filmes.

E também chatas mensagens via telefone celular, antes mais limitadas. E o inferno dos e-mails, cada cidadão recebendo 5/7 de suas mensagens saber serem lixo publicitário ou golpes.

Alguns meios já se dispõem a certas limitações, como as redes sociais ou até redes de vídeo, que permitem optar entre ver ou não a propaganda. E até, apesar de pouco entusiasmado com o sujeito, a lei da Cidade Limpa do ex-prefeito de São Paulo. O excesso era terrível, penso pelo fim ninguém mais lia a infinidade de anúncios em imensos placares por quase todos os cantos.

Hoje o jornal mostrou-se prostituído, mas como nada, repito, tenho contra quem pratica a questão, penso de sobrevivência, pouco adicional a dizer.

Às vezes temos que nos vender, somos assim.

3/4 do jornal em seu primeiro contato com o público, a primeira página, coberta por propaganda chata e repetitiva..

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