Ode à liberdade
Por Flávio M. Bitelman, de São Paulo
O Brasil e o mundo vivem uma nova era. Tudo leva a crer que essa nova onda começou em dezembro de 2010, com a primavera árabe na Tunísia, e se espalhou pelo Oriente Médio afora. Oito meses mais tarde, os israelenses acamparam na maior cidade do país, Tel Aviv, reivindicando melhores condições de vida e os protestos ganharam tamanho porte que chegaram a mobilizar cerca de 150 mil pessoas em várias cidades.
No mês seguinte (setembro de 2011), milhares de pessoas acamparam em uma praça no coração financeiro de Nova York rebelando-se contra a ordem estabelecida, movimento esse que foi batizado de “Occupy Wall Street” e que ganhou versões em vários países. Há cerca de duas semanas, o ato de derrubar árvores de um parque do centro de Istambul para construir um shopping center foi o motivo de um movimento contra os tratores que iam derrubá-las e evoluiu para uma revolta contra o regime do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdoğan, que toma decisões sem ouvir a população.
E há alguns dias, ecoou no Brasil. Coordenado pelas redes sociais, o movimento reuniu centenas de milhares de pessoas de várias classes sociais que se revoltaram, aparentemente, com o aumento das passagens de ônibus, mas acabou se tornando uma revolta contra a corrupção vergonhosa que se vive no Brasil.
À exceção de alguns poucos “santos”, o congresso nacional é composto por verdadeiros despachantes de luxo que, após serem eleitos, só trabalham por seus interesses pessoais e presidentes da República (bons ou maus) são escravos dos desejos desses homens e mulheres que só querem saber de cargos para exercer poder e obter vantagens para si e seus amigos, além de verbas para seus currais eleitorais, onde sabem muito bem exercer o esquema de corrupção em obras públicas obtidas com essa pressão por qualquer votação de que participem no congresso.
É a revolta do povo brasileiro diante dessa situação que dá pão e circo ao povo para matar sua fome e diverti-lo, mas nada muito mais que isso a fim de que não se torne um povo culto a ponto de reivindicar mudanças na política e conhecer de verdade seus legisladores, sabendo realmente em quem vale a pena votar.
Vivi alguns momentos parecidos como a luta contra a ditadura militar, o Diretas Já, o impeachment do então presidente Fernando Collor e todos tiveram sucesso. Com o povo na rua, ninguém pode. Às vezes, pode demorar um pouco - como foi o caso do Diretas Já, que deu aquela sensação de frustração no início - mas acaba ocorrendo.
Que tenhamos um país melhor politicamente, com educação e saúde dignas para todos, transporte público bacana para que o brasileiro passe o menor tempo possível no trajeto casa-trabalho, rendendo mais e tendo mais tempo para estar com sua família e ter seus momentos de lazer.
Viva o povo brasileiro!