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Espaço de reflexão Hermógenes de Castro e Mello

O que tantas vezes nos faz tão filhos-da-p...?

Talvez uma das grandes marcas da brasilidade abominamos seja essa: a filha-da-putice.

Em alguns casos vem como marca registrada de nosso modo de ser. Pouco lisonjeiro a meus conterrâneos, de todas as natas e estirpes.

Mas realidade, coisa brasileira. E algo me irrita profundamente. Nosso avantajado, infindável, secular modo de ser: sem modos, desrespeitoso, imperativo e infantil.

Na empresa onde trabalho, percebo essa questão, atávica, eterna. Por mais desejo determinadas questões sejam melhoradas, as resistências às vezes são tão extensas, somente com demissão se resolve.

Ou a conduta de nossos vizinhos de bairro, como a gráfica ao lado, sem espaço para estacionar caminhões seus e de seus fornecedores, insiste em bloquear nossas entradas e estacionamentos.

-“É só um instantinho...”

Talvez a frase mais ouvida por essa terra...

Certa professora de alemão da minha esposa dizia ter optado não retornar ao lar europeu após a aposentadoria. O contraste da nossa bagunça, falta de respeito com podre charme a encantava. Gostava disso. A dureza tedesca com suas regras idiotas como semáforos para pedestres e fiscais de renda não corruptos a desencantavam, se deliciava com nosso bizarro exotismo.

Fiquei pensando naquilo, no modo como fui educado e se estava sendo intransigente com meus patrícios. Nossa regra seria o desrespeito e a baderna?

Entretanto, quando vejo hoje os jovens trabalhadores do vizinho à frente, concentrando-se em nossa calçada, quebrando deliberadamente as floreiras e arracando mudas de Coroa de Cristo, para poderem sentar e fumar maconha, imaginei não precisamos ser tão maleducadamente agressivos. Com nosso desanimado encarregado de portaria, já ameaçado de tapas, por exemplo. Pois como disse o bobão o ofendeu, “aqui na calçada quem manda é nóis...”

Ou o eterno irritante furto, autoconcedido como “famélico”. Todas vezes vou sair com botezinho tenho em clubeco aqui na represa de Guarapiranga, a gasolina guardada se foi toda. Compro 20 litros, gasto 5; e o “cuidador” do barco por fim me confessou: estava “velha” a gasolina, .”.. e usei num pois-é que comprei, depois o senhor acerta a mixaria, se fizer falta..."

Perguntar, pedir, jamais.

Por que somos assim?

Sempre bloqueando nosso estacionamento, apesar de reuniões, solicitações, uísques enviados. Essa forma de filhadaputice me incomoda, profundamente.

Comentários (clique para comentar)

Penha - 29/05/2013 (11:05)

Eu também não suporto essa falta com o outro. Mas, como diz meu professor: é muito difícil tolerar o diferente. É mesmo!

- 29/05/2013 (08:05)

Agora faz pouco um colega informa que de um dos carros da empresa, que regularmente usa o estacionamento próximo de uma faculdade em Sta. Cecília está sem o estepe, furtado. Diriam : ah, mas isso acontece em qualquer lugar do mundo. Sim, mas aqui acontece mais, e mais, e mais, e mais...