Somos assim?
Acompanho, já sem muito interesse, os quatro grandes julgamentos em curso na nação. O talvez mais importante, o “Mensalão”, imputando a auxiliares do então presidente Lula a compra de votos no Congresso a garantir a “governabilidade”... Julgamento encerrado faz meses, nada mais ocorreu.
Decretadas as sentenças, ninguém nada cumpre. Complexa fase de recursos, o acórdão ainda não foi publicado.
Enfim, milhões gastos para pouco. E tenho a leve impressão, ninguém será instado a cumprir qualquer pena. Seria tão inédito, seguramente jamais ocorrerá.
Segue o curioso julgamento do rapaz supostamente matou seu pai, Gil Rugai. Crime de alguma repercussão em São Paulo. Após alguns anos de preparação, finalmente o julgamento. O júri decide pela culpa, todavia o culpado permanece solto, recursos de anos e anos à frente. Enfim, sem cumprir penas.
Outro grande julgamento, após 20, repito, 20 anos de preparação sobre a carnificina na Casa de Detenção em São Paulo. Vários policiais julgados, culpados, porém ninguém preso, recursos seguem. Estima-se nos próximos 10, repito, 10 anos nada ocorrerá.
O suposto mandante da invasão e chacina dos presos já morto, misteriosamente. Os demais responsáveis jurando não saberem de nada, incluindo-se um ex-governador. E nada terem ordenado.
Curiosamente, e somos assim, o julgamento do goleiro encerrado, todos presos. Sobre suposto assassinato da namorada do próprio, por um policial amigo ou contratado. Rápido, pressionado pelo meios de comunicação e fervoroso prejulgamento do sujeito e seus amigos. Com um detalhe: não há vestígios da moça dita assassinada. Não há corpo, os depoimentos são confusos. A rigor, se houvesse um único juiz nesse país, correto e diligente (porém não há), imediatamente cancelaria o julgamento e a prisão.
Pois o mínimo para condenar por assassinato é provar-se mediante o corpo da vítima tal ter ocorrido. Ou ter testemunhas idôneas que corroborem o fato, mesmo sem o corpo.
Mas nada disso houve.
Todos condenados, presos. Todos de origem humilde, ao contrário dos demais.
Sejam os ricaços ou politicamente influentes do Mensalão, a rica família do jovem Rugai ou homens em armas, os policiais, a jamais serem julgados, condenados e cumprir pena.
Enfim, somos assim, sabemos que crime por aqui compensa.