Foto do Hermógenes

Espaço de reflexão Hermógenes de Castro e Mello

Von der Wiege bis zur Bahre, Formulare...

Penso ser dito do meu escritor herói, Wilhelm Busch *.

Dos poucos de forma inteligente, sarcástica e sutil retratou a realidade humana. O verdadeiro precursor do “Somos assim”, seguido talvez por Mark Twain e Nelson Rodrigues... Sem o Hermógenes comparar-se, evidentemente (mas dizem é o ato falho falando, claro. Está se comparando...)

A tradução é algo assim: Do berço ao caixão, dos formulários não escaparás não , em péssima versão minha.

Por esses dias diligentes médicos me viraram do avesso, após desmaiar em casa (e descobrir-se finalmente ser erro de comunicação sobre a quantidade de remédios contra pressão necessários). A cada exame um formulário, com a assinatura.

A situação mais curiosa, pouco antes de ser anestesiado para profundo exame da cabeça, outra folha de papel e uma caneta oferecida. Ao lado a máscara com o gás formidável a postos a levar-me ao Nirvana.

Ninguém lê isso, claro.

Imagine-se depois estar isentando todos de responsabilidades, caso a anestesia fosse definitiva...

No nascimento dos pequenos já recebem papel, com a impressão do pezinho, fria tinta de carimbos. Certidão de nascimento adiante e até o derradeiro momento, papéis são exigidos.

Em ida a outro médico, a primeira providência de sua secretária foi solicitar o, claro, cadastro. Preencha a ficha, aguarde.

Curiosamente todos perguntam pela profissão, dá-me vontade de escrever “instrutor de pôquer”, “supervisor de gafieira”. Não sei a razão, todavia nossas profissões são muito importantes para os médicos.

E não só eles, aos políticos também, pois ordenam a seus vassalos do TRE perguntarem sua profissão para emitirem o obrigatório extorsivo título de eleitor.

Da religião já se abstêm, depois de muitos séculos, um grande avanço.

Nos contratos sempre constam as profissões, penso na quantidade de palavras gastas inutilmente com o Fulano da Silva, engenheiro mecânico...

A quem interessa isso?

É a praxe, somos assim.

* Imagino ainda editado e publicado, apesar de ser coisa bem antiga. Mas se acharem para ler, é formidável.

Os famosos personagens de Wilhelm Busch, Max e Moritz. Por aqui o título é "Juca e Chico", tradução de Olavo Bilac.

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