Foto do Hermógenes

Espaço de reflexão Hermógenes de Castro e Mello

Les Invisibles...

Homens e mulheres, negros e mulatos, por essa Bahia são parte do grande contingente fotografado, quase como exotismo. Os turistas mais preparados, com suas câmeras potentes, os retratam constantemente.

Provavelmente no retorno à velha Europa, Japão ou China, (os americanos brancos os ignoram, como os brasileiros brancos) o negro ou mulato baiano cause furor, com seu sorriso, sua alegria e força de trabalho, em centenas de fotos.

Já aos nativos brancos são praticamente invisíveis como seres humanos. Restos estranhos do escravagismo.

Ignorados, como cito, apenas chamados quando há algo a resolver.

Cozinheiras, arrumadeiras, enfermeiras, motoristas, jardineiros.

Porém sempre, quase sempre, não merecedores de palavras sobre o cotidiano, a família, os desejos. Como peças de mobiliário.

Úteis, mas quem conversa com um armário... Antes Les Miserables, hoje Les Invisibles

Trabalham o tempo todo, quase todo o tempo.

Três refeições para muitos, todos os dias. Com um sorriso.

Carregando o motor de popa, 45 quilos sobre os ombros. Normal, segundo ele.

O futuro será menos "invisível"?

A senhora italiana fotografando o povo invisível para nós. Exotismo?

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