Foto do Hermógenes

Espaço de reflexão Hermógenes de Castro e Mello

Adooooooooooooooooro cachorros...

A partir de uma sugestão do amigo Flávio.

Contra a tendência atual, inclusive por cá em terra brasilis de ultravalorização dos cachorros (não dos animais em geral, dos cachorros note-se bem), tenho lá minhas reservas à convivência mais íntima com quadrúpedes. Com olhares de desaprovação, quando comento. Ódio às vezes: como pode não gostar...

Sinceramente não me incomodo com a censura e olhar "deve-ser-um-animal-para-não-gostar-de-cachorros..." dos donos e, de fato, não me sinto à vontade onde há o culto maluco ao totó.

Com os pêlos nos sofás, aquele cheiro pestilento somente os donos não percebem. O frenesi porco quando embaraçam senhoras menstruadas entram nos ambientes e os quadrúpedes têm que ser controlados.

Ou, caso de um velho amigo e sua nojenta de cara amassada bulldog-senhora, a dormir sob a mesa do almoço e peidar em intervalos quase regulares, ao imbecil aqui sair da mesa, dizendo-se já satisfeito e "ir fumar". E a esposa desse amigo lamentar, dizendo algo como fique-ela-gosta-de-você-tem-pouca-companhia...

Foi a degradação, nomeado boa companhia para cachorros.

O que me faz vomitar, mesmo, com vexame, é ver pessoas beijando cachorros. Mete-se a cara no focinho do bicho, que acaba de cheirar o fiofó de outro, ou tendo bisbilhotado aquele brilhante monte de fezes no jardim, a ver se acha algo aproveitável. Pensa que é carinho, santa ilusão.

O que me arrasa, porém, é ver aquele visitante em casa de cinófilos radicais, também adorador dos peludos, quase se derramar quando encontra o cão do anfitrião, com festa, tapinhas, abraços e até beijos. Na Alemanha, bizarrice das bizarrices, a trazer presentes, como chocolate para cães.

Quando porém surgem as crianças da casa, detona um gélido "Seus filhos, é? Como estão, crianças?"

Por força do ofício vendemos peneiras vibratórias para os fabricantes de ração para cães, um grande negócio, Brasil o segundo em consumo após os EUA. A mistura de farelo de soja, farinha de peixe (os golfinhos e tubarões presos nas redes são parte, sabiam?) com glutamato monossódico e restos de abate suíno, de aves, autoclavados, em rodelinhas, como o cereal das crianças, faz um sucesso tremendo.

E a propaganda garante o consumo. O caseiro de outra amiga tanto solicitou à dona do lote onde mora, conseguiu sacos de ração hoje estão por lá perdidos pela quantidade, a alimentar agora garbosos, gordos e indiferentes vira-latas. O cocô sai sequinho, o pêlo brilha. E os restos da cozinha, no passado tradicional ia para o cachorro, vai ao lixo mesmo. Alimenta o miserável craqueiro, nos bairros melhores das metrópoles.

Porém me irrito mesmo quando em visita pergunto ao dono dos cães: mordem? ao entrar em suas casas.

Vêm respostas idiotas como "só se provocado!", como seu eu fosse atiçar o cão do dono a me morder.

Moleque, aos 15 anos um amigo convidou-me à sua casa. Sua mãe bonitona estava à beira da piscina, o silêncio reinava. Gente fina, casa luxuosa no Alto da Boa Vista, eu caipira do Mandaqui, sem jeito. Quando nos aproximamos, ela avisou "os cachorros estão soltos" e virou-se, meio indiferente.

O amigo assustado detonou, "cara, se eles vierem, não dá para controlar, pule na piscina".

Dobermanns.

No fim me trancou numa sala e foi tratar das feras, até prender no zwinger com latidos assustadores. Cena interessante, claro nunca mais visitei aquela casa.

Tenho meus métodos para mantê-los cachorros como cachorros, animais irracionais são e podem ser boa companhia para idosos, crianças e malucos, nessa ordem. Ignoro-os, quando possível, sendo eles não violentos. Se houver alimentos por perto, pego e jogo a eles. Isso os mantém longes.

Se latirem, como ocorria em certa vizinha juiza (a pensar alguém assim julga outros), por horas a fio, detono fogos direcionados, como para o quintal da meritíssima. Veio reclamar e ameaçar, sugeri ela passar o tempo em minha casa ouvindo os cachorros solitários latindo por comida e companhia, enquanto despachava os despachos despachadores. Entendeu.

Quando viajam os donos e os cães latem ininterruptamente em casas próximas, faço bolinhas de carne moída com comprimidos de Fenergan, um bom e barato antialérgico; e jogo aos camaradas inocentes. Dormem muito bem, sem seqüelas, assim me ensinou um bom veterinário. Uma refeição copiosa e muito sono, tudo resolvido. Até para cães neuróticos, presos em quintais ínfimos, sofrendo com seus próprios latidos inconstantes a chamar os ausentes.

Meu ódio, não pelos cães, mas pelos donos aumenta quando levam à praia passear, fazem suas necessiades na areia e correm atrás de qualquer ser movente. Como grauçás, carcarás, filhotes de tartaruga e paulistas incautos.

Cães imensos, sem focinheira, sem estar seguros por correias. Se não atacam, cheiram as partes íntimas com uma sofreguidão maluca. E os donos, tal qual pais de crianças com dificuldades mentais de alguma espécie, disfarçam e riem, chamam, dizem "é feio, Toby (na mania de dar nomes de cachorros como em filmes americanos)", ignorando o incômodo causado.

"Ele não morde".

"É brincalhão!"

"Não gosta de cachorro, é?", já com aquele maluco olhar de censura.

Certa vez, um bom amigo e fanático por pastores alemães, deixou o portão aberto e seu animal escapuliu, derrubando e mordendo no traseiro a inocente vizinha, estava entrando em sua casa.

Foi momento de introspecção do camarada, a senhora nada havia feito ao cão, nem interagido. O bicho, (é, são bichos), já enlouquecido provavelmente por viver sozinho em quintal minúsculo, com ração monótona e sem companheiro ou companheira, naquele dia despirocou e dá-lhe mordida.

São assim os animais.

Mas às vezes se esquece isso...

Preferem a maré baixa, não é? Talvez seja a atração gravitacional da lua a ajudar na evacuação.

Não é lindo e higiênico?

Foto do pescado com um "incauto", também vai virar farinha de peixe para ração de cachorro. Muito chique, deixa o pêlo liso e cocô sequinho... Restos de cozinha, nem pensar para meu Toby!

Comentários (clique para comentar)

eu - 03/02/2016 (00:02)

como denuncia isso?

eu - 03/02/2016 (00:02)

cara que escroto!!

monica - 24/11/2015 (15:11)

Nossa... perdi tempo lendo sua ¨reflexão¨. e vc em escrever essas bobageiras....