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Espaço de reflexão Hermógenes de Castro e Mello

Envelhecendo

Hoje fui a uma reunião, de vizinhos em um condomínio de praia no Nordeste. Homens sérios, com temas sérios, preocupados com o bem morar naquela área. Gente de outras nações, de outros estados, de outras cidades.

O local é agradabilíssimo, todavia com seus problemas: segurança, ambiente e convivência. Homens e mulheres de certo poder econômico, boa parte com vidas confortáveis, alguns discretamente sofrendo da síndrome da riqueza passada.

E outros a fazer do condomínio negócio privado, a irritar os demais.

Pequenos empreiteiros a cavarem obras pela associação, porém de forma autoritária, sem consultar os demais. Certo administrador eleito a proteger sua pousada informal, irritando vizinhos com barulho, movimento e obras. Outro senhor a criar galinhas de raça, a fazer da cerca com o vizinho imenso galinheiro e a devida sonorização em horários pouco adequados. Um operador de spa, a imaginar construir pequenos prédios para acomodar hóspedes de longo curso. E ainda a senhora aluga sua casa para eventos imensos e intensos, casamentos, festas. Com geradores zunindo noite adentro, estacionamento a complicar a única estradinha do local, apimentando com som dos infernos.

Durante o apresentar dos dizeres dos senhores em reunião, um deles levantou as questões espinhentas, afirmando a necessidade, e endossando provavelmente todos concordariam, ser boa filosofia respeitar-se o espaço do outro em convivência agradável.

Nesses instante, outro senhor cortou o verbo detonando: eu não concordo com nada e sem filosofia, temos coisas mais importantes a colocar!

Silenciou o outro, respeitosamente. E a partir dali, pacífico é, procurou observar com certa parcimônia aqueles homens, alguns iniciando a se irritar pelo discutir de temas deveriam resolver-se, em seu ver, de forma distinta.

Homens ocuparam posições autoritárias no passado, tendem a mantê-las e irritarem-se com reuniões. Querem resolver exclusivamente à sua maneira. Em todos os momentos esses aposentados relembram discretamente suas ações do passado, as posições ocuparam ou até imaginaram ocupar, como dizer-se industrial, tendo sido diretor de empresa. Sabem sempre dos métodos corretos, os demais estão errados e devem ouvir e cumprir determinações.

Pensei em dizer ao sujeito ser apenas seu modesto vizinho, não seu subordinado. Porém as maravilhosas castanhas de caju, formosos beijuzinhos com queijo do reino ralado e suave gelada água de côco, além da linda casa do diplomata nato a tentar conciliar, fizeram-me lembrar do meu único e verdadeiro herói em vida:

Alfred Neumann.

Alguns saberão quem é, autor da mais importante frase da história dessa nossa América de norte e sul, os demais relembrem apenas meu dito:

Somos assim.

E somos mesmo.

O local é lindíssimo, porém a pressão imobiliária, comercial e fiscal têm complicado a vida dos moradores.

É a última área de alguma preservação, todo o entorno é pesadamente urbanizado.

E alguns moradores não admitem não poder usar suas áreas para atividades comerciais.

Comentários (clique para comentar)

BHAVA - 13/01/2013 (11:01)

Houve época, que presenciei, que cada um levava sua arma, ou escolta de seguranças e advogados nestas reuniões. Agora se usa da palavra, uma evolução.

Flavio Bitelman - 12/01/2013 (07:01)

Muito bem observado Thomas. Abraços Flavio