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Espaço de reflexão Hermógenes de Castro e Mello

Parâmetros, paradigmas

Somos no planeta talvez a sociedade mais sensível à parametrizabilidade.

Porém, e isso é determinante, nosso único, real, sempre valorizado e incontestado parâmetro (e eterno paradigma) é a América, a sempre enaltecida Gringolândia.

Citamos seus governantes, seus autores, atores, pesquisadores e criminosos. O que lá ocorre em termos estatísticos, é para nós quase norma aceita. E não é à toa alguém no passado detonou também ser tudo bom para nós, aquilo nas terras de A. Lincoln é aceitável.

Jamais nos referenciamos e medimos com a Argentina, excetuado no gramado de estádios. Nunca utilizamos outras estatísticas também disponíveis, como as do Japão e França, somente as ianques.

Por esses dias ocorreu o terrível massacre contra crianças nos EUA, outro jovem despirocado a matar inocentes. Já houve quem copiasse por aqui, parece-me no Realengo, bairro do Rio de Janeiro. Os EUA sempre fixando parâmetros a nós, modas, incluindo no quesito violência.

E comentamos como se fossemos cidadãos diretamente afetados, sobre medidas deveriam ser tomadas lá para resolver essa paranóia psicótica entre jovens americanos. Devendo haver limitação e controle na compra de armas, como por aqui (!!!). Omitimos porém aqui matarmos 46.000/ ano em 200 milhões de habitantes e eles se matarem "apenas" 15.000 vezes em 300 milhões de habitantes...

Segue nossa "revolta" pela confusão do consulado na entrega de passaportes por cá. Gritos, inconformismo com a eventual perda da viagem às compras em Noviiorque e quase revolta pela "bagunça" americana, porém discretamente todos sabendo tratar-se de chicana jurídica detonada pelos Correios daqui, dizendo somente o monopólio estatal poder distribuir correspondência...

Corria sempre a piada, o sonho da classe média brasileira ser o país envolver-se em conflito com os caubóis e perder a contenda. Seríamos imensa Porto Rico, com toda complicação da sociedade americana absorvida, com prazer. E violência.

Obama, após esse sexágesimo primeiro massacre diz algo mais definitivo deve ocorrer.

Os EUA, corrijam-me se errado, são a sociedade onde o intenso culto à violência (mas não a prática, isso é destacável) faz parte de sua história. Nunca houve cortes abruptos com a prática, como por exemplo a Alemanha no pós-guerra, onde até hoje a violência não é mais problema.

Obama sem dúvida sensibiliza e agrada em parte a sociedade americana, não condenando a prática violentíssima da pena de morte (61% dos americanos ainda são a favor), a emenda a permitir a compra praticamente livre de armas para defesa pessoal e manter gastos absurdos com defesa militar.

Armas não são o problema, isso me parece retórica desnecessária. A Suíça é tão armada em sociedade quanto os EUA, per-capita; e um dos países mais tranquilos do planeta.

Porém o enaltecer e a comercialização da violência, mormente pela tevê e cinema, poderia ser um apelo válido de Obama (a medida que diz ser necessária), sem nada impor, apenas sugerir Hollywood dar uma "segurada" em tanto tiro, estupro, empalamento, decapitação e por aí vai.

Penso já ajudaria.

E quem sabe manter livre a venda de armas, porém somente a cidadãos com mais de 25 anos, um curso de tiro obrigatório e concomitante avaliação psicológica. Sem acesso a rifles automáticos, verdadeiras armas de guerra.

Os cuidados para ser motorista nos EUA são mais elaborados do que para compradores e colecionadores de armas...

Por aqui, fizeram tão complexo o sistema, a ser "melhor que o deles" (o eterno parâmetro...), a compra da arma na favela é mais prática e ligeira, além de abundante. Oficialmente, quase impossível.

E talvez por isso matamos muito mais por aqui... Somos assim.

Apesar de bem menos violentos que nós, a América é um grande polo de fomento à violência.

A carga de programas violentos na TV da América, que absorvemos aqui na quase totalidade, é imensa e intensa.

A empresa de cinema e tevê Warner é a campeã em volume e longevidade, com direito a reportagem especial sobre o tema no New York Times.

Tiros para todos os lados, mortos, decapitados, empalados, atacados por animais, mostros, marés. A cinegrafia americana é essencialmente violenta.

Tarantino, mestre. Filmes-comédia, mas violentíssimos.

O autor do massacre no cinema em Denver, acreditando ser o Coringa, procurou o filme de acordo com o ato...

Batman, é claro.

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