Minha nova gordinha...
Coisas ficam... Meu pai, quando funcionário de certa empresa alemã fabricava cilindros de gravura para plásticos, viajava por todas essas Américas. Campanhas de meses. Orgulhava-se de informar conhecer todos os países da América do Sul e Central espanhola, excetuando portanto Belize e as três Guianas.
Como era versado em francês e português, o espanhol foi coisa ligeira. Jantares em nossa casa com amigos fez nas viagens, como um tal Don Encabo, argentino fino, me recordo detonava casos na língua de Cervantes com seu forte sotaque alemão.
Porém dessas viagens, de todos os países visitados, fez hábito trazer lembranças. Certo proibido contrabandeado vasilhame funerário pré-colombiano comprado em Lima, (porém sempre desconfiou era fajutice). Bonecos de gaúchos argentinos com suas boleaderias, pequenas "cholas" com seus chapéus côco, figuras astecas em pedra, pequenas estátuas maias em madeira, curiosas garrafas negras de pisco e certa horrível barata imitação daquilo denominava-se "shrink-head", cabeças de indígenas diminuídas pela remoção da caixa craniana e cocção. Era plástico mesmo.
Ponchos mexicanos, tacapes colombianos, moedas andinas prensadas transformadas em anéis e assim por diante.
Todavia o determinante eram os bonecos com trajes típicos. Pampeiros, chilenos, uruguaios, peruanos, bolivianos, índios, pescadores, pastores e todos os demais.
O armário de madeira com sua frente em vidro os acolhia todos.
Falecido o homem, vendida a casa onde morava década após, minha mãe vingou-se dos longos meses ele a deixava só com as crianças. E os bonecos todos foram para o lixo na mudança da viúva.
Desculpou-se com estranha história de cupins...
Como somos frutos dos pés mais próximos, retomei de alguma forma o hábito. Apesar de conhecer bem menos desse planeta que o falecido. E algumas figuras ressurgem para nova coleção.
Entre elas presentes, graças à minha diligente cunhada. Trouxe para nossa coleção uma linda figura de Fernando Botero, e suas famosas gorduchas.
Maravilhosa.
Fiquei encantado, passei mais de hora olhando para os detalhes, ao receber. Da Colombia, um mimo. Viva!
Ficará ao lado de caixinhas de madeira venezuelana, o trabalho indígena de entalhes mais formoso tenho visto, presente de novo amigo caraquenho.