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Espaço de reflexão Hermógenes de Castro e Mello

Absenteísmo...

Palavra corrente entre os bizarros termos jurídicos, a tradução é simples: ausência. Falta ao trabalho.

Por esses tempos na pequena empresa onde passo meus dias procurando lugar ao sol, vejo a batalha do departamento de pessoal com as constantes faltas de funcionários.

Nessa última segunda-feira, nada menos que 9% do total de funcionários estavam ausentes. Além dos eternos levemente acidentados, sempre em eventos ocorridos fora do local de trabalho, outro inferno trabalhista nesse paraíso de Carmem Miranda, nosso tropical destino.

A questão é antiga, os parâmetros sempre os mesmos: consultas médicas (sempre às segundas e sextas feiras, rigorosamente no horário de trabalho, com dispensa pelo dia inteiro), mães e pais, esposas, filhos, parentes e vizinhos doentes (sempre, na empresa em questão, é exclusivamente esse, por lá empregado, seja filho, marido, vizinho ou cunhado único a poder resolver o assunto).

E autogestão, como o caso de certo pintor contratado a seu julgamento determina a carga de trabalho e quando conclui está baixa, resolve tirar suas folgas.

O conceito é o seguinte: há ilusão e fofoca de pleno emprego, a empresa necessita de gente, não haverá demissão por essas bobagenzinhas.

Além disso, trabalha-se para si mesmo e pelo dinheiro, jamais a beneficiar empregador, esse eterno explorador.

E diante disso, mesmo havendo sinais no horizonte de tempos mais difíceis à frente, a prática não esmorece.

Evidentemente a produtividade industrial brasileira é baixíssima, apenas as empresas que empregam de forma irregular, com pagamentos semanais contra medições de serviço, mantém seu corpo de trabalhadores mais coeso, infelizmente.

A grande maioria, a empregar de forma regular, amarga esses nossos altíssimos índices de absenteísmo. Os exemplos como sempre vêm de quem nos representa politicamente, como deputados, senadores e demais, com apenas 3 dias de trabalho em Brasília. Ou servidores públicos, campeões de faltas e férias, citem-se juízes por exemplo e seus 60 dias de descanso, além de malucos “auxílios-refeição”, com direitos retroativos, sempre.

Essa empresa fabricante de equipamentos brasileira passa por momentos complexos, os importados dominam, a preço baixo, mormente do Oriente. Em seus melhores tempos, antes dos psicopatas da era Collor demolirem a credibilidade da força empreendedora do país, somava 120 funcionários contra atuais 55, com turnos para almoços. As faltas eram raras.

Porém hoje os tempos mudaram. O grande empregador é o setor de serviços e o improdutivo setor público, além do agrobusiness.

Aos demais apenas o frio absenteísmo. Foi escolha a partir da gestão FHC, seguida por Lula e continuada pela atual gestão.

Nada a fazer, somos assim.

A empresinha é campeã na prevenção de acidentes de trabalho. Mas a achar método para o absenteísmo forte, falhou e muito.

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