O filatelista argentino
O título lembra algo como o Paciente Ingles, mas o tema é mais suave...Quando menino colecionava selos, simplesmente todos, o que surgia pela frente. Minha avó, me recordo, até me inscreveu em um clube de filatelistas amadores na Alemanha e assim recebia certa revista, as atas de reunião e um desconto para comprar selos do correio de lá.
Desconto repassei à velhinha, assim comprava selos e os usava para sua correspondência. Todavia edições especiais, franqueadas, ela me enviava. Adquiria os álbuns para isso em uma lojinha da Rua São Bento.
Mas com faculdade e trabalho, o ímpeto se perdeu e deixei de colecionar, sem a rigor ter me aprofundado no tema. Um colega de trabalho o fazia, ao casar doei minha coleção de 10-12 álbuns e por aí se encerrou a questão.
Sonhava com os locais de origem dos selos, uma coleção que comprei na Praça da República onde havia reuniões de aficionados, era da Romênia, selos enormes com pinturas famosas de lá, não me cansava de admirar.
Ontem um filatelista e amigo nos contou um pouco de sua atividade. Senhor argentino, após vender seu próspero empreendimento por lá, dedica-se com afinco ao assunto. Viaja o mundo para tal, por esses dias São Paulo era seu destino.
Contou-nos o tal “Olho de Boi”, como denominados nossos primeiros selos por cá, são também dos primeiros no mundo, ineditismo tecnológico alavancando pelo progressista D. Pedro II. Valiosíssimos.
Um homem feliz em sua atividade, paralela a alguma exploração pecuária.
E a tarde se alongou, conversamos, falamos de Deus e do mundo, de tempos passados, cometemos heresias ao comer a feijoada acompanhada de maravilhoso vinho argentino o filatelista nos trouxe.
Rimos, talvez o que mais fizemos, nos empanturramos de deliciosas sobremesas, tomamos café e nos abraçamos todos em despedida.
Há tempos não nos reuníamos. Temos saudades uns dos outros, somos assim.
Na verdade são assim também os filatelistas, além de selos reunidos em álbuns, reunem amigos.