Viena, uma grata surpresa.
Por Lucia Borbely, de São Paulo
Pensar em conhecer a Áustria nunca fez parte dos meus planos. Meu sonho era viajar para o exterior e conhecer Paris. Entretanto, minha primeira viagem foi justamente para a Áustria, país pouco divulgado no Brasil e que era a moradia provisória de meu filho.
Viena, a capital austríaca, não me decepcionou. Muito ao contrário, a cidade é realmente formosa, elegante, romântica e repleta de lugares encantadores. Seus habitantes são educados, amáveis e amantes das artes e da cultura, formando uma verdadeira mistura étnica-cultural que parece funcionar muito bem. A cidade é uma mistura agradável de diferentes períodos históricos com a modernidade, mantendo as tradições e ao mesmo tempo as inovando. Afinal, não é de estranhar que tal beleza tenha inspirado as composições dos maiores músicos de todos os tempos: Mozart, Hayden, Strauss, Schubert, Beethoven, entre outros.
Seria impossível descrever tudo o que vi e as emoções que senti. Palácios opulentos, jardins bem cuidados, castelos esplêndidos, igrejas monumentais, estátuas formosas e uma história muito rica.
Dentre os vários pontos turísticos visitados, não tem como não citar o Schloss Schonbrünn (Palácio da Primavera Bonita), palácio que desde 1996 é denominado patrimônio da humanidade pela UNESCO. Palácio esse que foi palco de eventos importantes da história mundial e que hoje é o carro-forte do turismo em Viena, assim como um importante parque para a população residente. Palácio esse que foi a residência de Sissi, a princesa relutante, conhecida de todos pela trilogia de filmes sobre sua vida, datados de 1955 a 1957, assim como no filme Mayerling de 1968, papel representado por Ava Gardner. Palácio esse que chegou a ser residência de Napoleão Bonaparte durante a ocupação da Áustria pelo exército francês. Palácio esse que foi palco do primeiro avanço diplomático entre as duas superpotências, Estados Unidos e União Soviética, em 1961, onde John F. Kennedy e Nikita Khrushchev deram o primeiro passo positivo para a resolução do conflito entre as duas superpotências.
Apesar de toda a história, é impossível pensar em Schloss Schonbrünn sem pensar na família Habsburg. Os Habsburg foram uma poderosa monarquia do Império Áustro-Húngaro, um dos impérios mais importantes, opulentes e interessantes que já existiu, marcado principalmente pela ampliação do poder através de casamentos reais entre herdeiros de diferentes impérios.
Minha visita ao Schloss Schonbrünn começou pelos maravilhosos jardins franceses, uma imensidão de árvores, flores, fontes e esculturas que se expandem pelo horizonte até se perder de vista. Por entre os jardins, o Tiergarten (Zoológico) chama a atenção por ser o zoológico mais antigo do mundo e, ao mesmo tempo, considerado o mais moderno. Ao final de horas por entre pandas gigantes, cangurus, uma variedade de macacos e animais alpinos, vale a pena uma visita à Palmenhaus (Estufa de plantas exóticas) e ao jardim japônes. Do outro lado dos jardins, a fonte de Netuno com seus detalhes mitológicos e central ao palácio, impressiona. Mais ao lado, passando pelas ruínas romanas e pelo obelisco, é possível contemplar o desejo mitológico e a reverência dos Habsburg para com a história, percebendo-se que suas intenções eram sempre a de se igualar em glórias aos maiores impérios do passado.
Subindo uma colina rodeada de sempre-verdes, pinheiros, castanheiros e diversas outras árvores densas que não deixavam passar a luz do Sol, chegamos ao topo, no qual se destaca o Gloriette, monumento erguido em glória às vitórias dos Habsburg.
Voltando ao edifício central do palácio, o qual possui mais de 1400 aposentos, consegui visitar pouco mais de 40 que são abertos para visitação. A opulência e ostentação de riqueza do palácio são dignas da realeza dos Habsburg e dignas de cair os queixos dos mortais. Dentre os apartamentos reais, salas, gabinetes e lavatórios, destaques para o grande salão da princesa Sissi, a galeria de espelhos, a sala de cerimônias, o salão chinês, o salão das porcelanas e o salão do milhão. Cada aposento decorado com uma cor e um motivo diferente, sendo que nos últimos salões descritos, as decorações em estilo chinês, persa e hindu são provas das boas relações com os impérios orientais.
O museu das carruagens é outra surpresa gratificante. Por entre diversas carruagens e trenós, destaca-se a carruagem usada pela princesa Sissi no momento da sua coroação como rainha da Hungria, assim como a carruagem fúnebre que levou seu corpo assassinado em Gênova por um anarquista, pavio do início da primeira guerra mundial.
Após um dia inteiro de caminhada por esta maravilha feita pelo homem, tenho certeza de que Viena foi a surpresa mais gostosa que tive em uma viagem. Infelizmente não tenho como divagar sobre todos os outros pontos turísticos maravilhosos de Viena e de outras cidades austríacas que tive a oportunidade de conhecer, mas espero que este breve relato possa incentivar a todos os leitores a vontade de conhecer esta gloriosa, luxuosa, romântica e bonita cidade.
Fotos da autora. Para apreciar melhor, cliquem sobre elas, ampliam-se.