Foto do Hermógenes

Espaço de reflexão Hermógenes de Castro e Mello

O Canal de Midi

Por Fabio Frattini Marchetti*, de Toulouse, França

Com a intenção de ligar o Mediterrâneo ao Atlântico, o “Canal du Midi” iniciou sua construção no reinado francês de Luiz XIV, no século XVII, sob a supervisão e planejamento de Pierre-Paul Riquet. Sua necessidade deveu-se principalmente aos interesses econômicos para o transporte de vinho e cereais, mas também políticos e militares. Após 14 anos e com a mobilização de mais de 12.000 trabalhadores, o canal foi finalizado em 1681, com 240 km ligando a cidade de Toulouse a Sete. Em seu percurso é possível observar cerca de 350 diferentes obras de engenharia, como pontes, aquedutos, túneis e eclusas.

Milhares de árvores foram plantadas ao longo do canal, com atenção especial à perspectiva e alinhamento. Atualmente predominam os centenários “platanes” (Platanus sp.) e algumas espécies de pinheiros. O desenvolvimento do comércio ao longo do canal, a criação de portos e a circulação de pessoas e mercadorias trouxeram consideráveis mudanças à região sul do Império Francês, e o canal prosperou até a chegada das estações de trem na segunda metade do século XIX. O tráfico de passageiros e o transporte de mercadorias foram extintos na década de 1970, e o canal foi então deliberadamente abandonado.

Sua revitalização ocorreu a partir da década de 1990, devido ao crescente interesse turístico. Em um breve passeio pelo canal é possível observar dezenas de embarcações, ciclistas e caminhantes das mais variadas nacionalidades.

Atualmente, o “Canal du Midi” é o mais velho canal europeu ainda em operação, e desde 1996, está inscrito na lista de Patrimônio Mundial da Humanidade da UNESCO.

Minha recente experiência na região foi uma viagem de bike pelo canal, entre as cidades de Beziers e Carcassonne, cerca de 130km entre vinhedos, vinícolas, pequenos restaurantes, vilas e castelos medievais, que me possibilitou conhecer um pouco dessa fabulosa história. Como um dos pontos máximos para a visitação, destaco o “Étang de Montady”, uma obra prima da agricultura construída no século XIII; o “Oppidum d’Ensérune”, sítio arqueológico que revela ocupações humanas que se iniciaram na metade do século VI A.C.; e a “Cité Medieval” de Carcassonne, construída sobre uma antiga fortaleza romana por volta do século XI.

Recomendo a todos, é um passeio sem limite de idade, para ser feito em família ou por aventureiros solitários como eu. Agradável, saboroso e criativo, um pouco da história humana que se pode ver, sentir e tocar...

*Fabio Frattini Marchetti, biólogo e mestre em Biologia, temporariamente na França para avançar em seus estudos.

1 Penso na nossa "transposição do São Francisco", iniciada mas em grande risco de afogar-se na corrupção. Essa é do século 17, firme e forte.

2 Bucólico, um bom passeio, imagine-se.

3 O espírito é mais restaurador do que reformista. Interessante. Mantém-se as obras de 300 - 400 anos, funcionais.

4 Deve dar boas pescarias...

5 E a "magrela" sempre acompanha nosso grande Fábio.

Comentários (clique para comentar)

Nelson Barbieri - 11/06/2012 (18:06)

Maravilhoso! Uma experiência fantástica. Parabens.

- 06/06/2012 (20:06)

Que fantástico, lindas fotos!