100 anos entre eles.
Um deles morreu mais ao sul, congelado em 1912, ao voltar do extremo marco geográfico. Imaginando ainda não alcançado, porém foi engano. Certo sagaz e melhor preparado norueguês já havia, com menor esforço e logística mais enxuta, desbravado o inóspito local.
O outro, digamos da mesma etnia, em evento mais ao norte, mas não tanto, e melhor temperatura, não morreu. Tentava embarcar de retorno ao seu país, todavia no aeroporto foi detido.
100 anos após o primeiro, 2012. Um calote de 15.000 reais por conta não paga de hotel em Copacabana.
O nome comum a ambos: Robert Scott.
O primeiro com a idolatração romântica do formidável perdedor. Apesar de segundo na corrida ao Pólo Sul para o gelado Roald Amundsen, e morrido na tentativa, seu diário e a frase final "cuidem de nossos filhos e esposas" deslumbrou gerações. Militar, corajoso, aventureiro e convincente a conseguir motivar governo gastar impostos para seu grupo ir a um lugar, convenhamos, não exatamente importante, excetuada a posição no planeta.
Já o segundo alega que o cartão de crédito foi clonado, não haveria como ele ter a despesa alegada. Preferiu não pagar, embarcar aos EUA e, segundo disse, ajustar o correto de lá, após esclarecer-se o montante de fato.
O caso de Robert Falcon Scott, apesar de triste, já está resolvido. Permanece sepultado em sua tumba de gelo na Antártida, como alerta a todos aqueles se aventuram com péssima logística e despreparo enfrentar, às vezes, a ira da natureza.
Já o apenas Robert Scott, liberado pelo policiais e embarcando hoje aos EUA, me deixou um pouco desconfiado. Em parte sua história da clonagem de cartão; entretanto a justificativa para prisão apresentada pelo hotel, a outra parte, também é, digamos, interessante.
Permaneceu 13 dias, gastou 15.000, sendo 6.000 apenas em caipirinhas. Portanto 9.000 reais de hotel e o resto em bebidas.
9.000 reais por 13 dias perfaz diária de 692 reais ou 372 dólares, pelo câmbio médio do período. É excelente hotel, isso inegável, o preço penso correto.
Agora, a caipirinha, se no mesmo nível do hotel, deve custar, bem servida, uns 25 reais cada; o que já considero certa exorbitância. Mas em tempos de Brasil de preços aviltados, why not? diria o primeiro Scott.
Com isso, seriam (consta estava só) 6.000 reais, a 25 reais a bebida, um total de 240 doses. Em 13 dias praticamente 19 caipirinhas por dia.
Imagino alcoólatras resistentes em final de carreira tolerem isso (ou necessitem).
Porém prender o sujeito, foi atitude talvez correta, entretanto reputo impensada. O hotel é rede internacional, com ajuda da operadora de cartões e o consulado resolver-se-ia a questão, sem constar no noticiário policial.
Quanto a esse segundo Robert Scott, tal qual o primeiro, não tão romântico nem aventureiro, porém também perdedor, estendo minha preocupação...
Complicado o alcoolismo. E caro.