O bom livro
Com a licença devida, e espero concedida, reproduzo aqui o teor da contra-capa da obra Don Solidon, Editora Casarão do Verbo, 2011, do amigo e grande, talvez dos melhores, escritor e tradutor Hélio Pólvora:
”Seu marido apostou a senhora.”
Em vez de corar, Anabela estremece. O sangue foge-lhe da face, em rápida retração.
”Ele apostou na minha boa paga. É isso?”
“Não”, disse o homem, agora alargando o sorriso. “Ele apostou em duas horas de amor com a senhora. E perdeu.”
Anabela calou-se.
”Vim cobrar”, disse o homem.
Anabela não ouvia mais. O olhar morto errava pelas árvores, sem nada avistar, deslizava cego pelo musgo dos muros e paredes.
”Vá se arrumar”, disse o desconhecido, em voz de comando. “Bote perfume francês. Gosto de roupa de baixo preta.”
”O senhor me respeite!”
”Ele apostou e perdeu. Estou aqui para cobrar. Vamos, ande. Tenho um lugar bom, discreto, fora da cidade.”
Os nervos de Anabela afrouxaram – e com eles veio também um frouxo de riso.
”É assunto sério, dona. É divida de jogo.”
Assim como cativa nesse trecho, o fascinante livro o faz nos demais capítulos, tão bem elaborados por Mestre Pólvora.
Serei breve: vale a pena ler.