Travessias difíceis...
Por volta de 1972, com o amigo Vicente e meu precocemente falecido bom pai, fomos a certa feira aeronáutica em São José dos Campos. A Airbus apresentava seu único modelo, o 310. A Lockheed americana mostrava o maior avião do mundo à época, o Galaxy C-5, a famosa esquadrilha acrobática Thunderbolts fazia estropolias pelo céu.
E o grande momento era a apresentação de renomado piloto de tudo, desde cortador de grama a nave espacial, e demonstrar certo vôo de dorso, com motor desligado por sobre a pista de pouso molhada de São José.
Não me recordo do nome do piloto, Macready talvez. Porém sua fama era tal, jamais imaginou-se faria jus ao término da vida com um ato, talvez impensado, como aquele. Ao tentar religar o motor para seguir, algo não funcionou e esborrachou-se no asfalto da pista.
Por esses dias recebi de presente Travessias Difíceis de Simon Schama, Companhia das Letras, 2011, tradução de Denise Bottmann.
O famoso renomado historiador inglês se aventura em condensar a questão da escravidão afro-americana, a libertação, e politicagem em redor do terrível assunto.
Não só o título me fez imaginar a difícil travessia ser elaborar a obra concisa, todavia muito me lembrou o piloto acidentado e morto.
O renome era magnífico, saberia fazer de tudo, porém naquele dia, não deu certo.
Com Schama, nessa obra, com todo respeito, idem.
Livro confuso, datas e fatos misturados em vai e vem contínuo, não prende a atenção. Induz o leitor saber de tudo correlato, nomes de juízes, condes, capitães, escravos libertos ou não, ene regiões das colônias americanas.
Difícil.
Desisti da travessia na página 125, das quinhentas de navegação.
Em um ou outro ponto prende a atenção, nos temas a adorável Luciana Villas Boas, editora de renome, comenta em entrevista há poucos dias ouvi: Cansamos os leitores com questões complexas, a jornada de jovem destrambelhado em disputa com a sociedade, esquizofrênico. Queremos ler o que prende, cativa, encanta.
Schamas não acertou nesse, o livro é confuso e tedioso. E poderia ser encantador, se fizesse da História uma boa história.